A minha foto
Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Eu e a musica para esta Fotografia…

O som das armas na guerra com que abre e depois o som do Tango, um símbolo da boémia, são o retrato da vida que vivi enquanto enverguei esta farda. Viver o máximo num dia e talvez morrer no dia seguinte... o Tango dos Barbudos






















Tango dos Barbudos

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Serge Reggiani - Ma Liberte


terça-feira, 28 de julho de 2009

O militante das Bases e a Importância de ser Importante.














Em democracia nenhum partido tem o direito de falar das opções dos seus militantes de base. Por opção ou porque o partido não o convida para fazer parte dos órgãos directivos, ele é livre, de em consciência tomar as atitudes que no seu entender achar que são as mais correctas. Tentar entalar um militante de base, na ética directiva, é para mim, quase como tirar a liberdade democrática de cada cidadão se manifestar dentro do partido quando em consciência não concorda. Respeito pelos osgãos democráticamente eleitos, mas nunca abdicando do Pluralismo.
João Ramos Franco

Jacques Brel : Les Bourgeois

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Edith Piaf - La Foule

domingo, 26 de julho de 2009

Eu e Luiz Pacheco e o João Franco cineasta






















Quando o Luiz Pacheco nos fala da existência de dois João Franco, está retratar “Alguns Marginais e outros Mais” e tinha que obviamente separar os dois nomes porque qualquer deles poderia ter ido buscar os personagens do filme “O Recado”, ambos convivíamos com eles.
O Luiz sabe-o, o João Franco cineasta é meu primo e frequentava a casa da Rua Viriato quando ele, quanto aos personagens do Filme, o Bringela, habitava lá e era como funcionário da minha confiança para tomar conta da casa, o Álvaro e o Xico Btretz, apareciam muitas vezes para comer e beber uns copos.
Na medida em que dois João Franco são amigos e companheiros, e os personagens de “O Recado” acompanham na vida ambos, o Luiz tinha desatar um nó, o nome e fê-lo utilizando os cognomes.
Tudo poderia ficar por aqui se o Luiz Pacheco, no texto que eu passo transcrever, não falasse da existência dos dois João:
…A ideia que o João Franco cineasta, de cognome “o Bom”, para nada de confusões com o homónimo “o Facas”, de ir buscar, em vez de canastrões profissionais, figuras com cara de gente: o Álvaro, Xico Brets, o Bringela. Não fosse o realizador de “O Recado” o nabo que é e o filme já tinha outra aura. Lá fora e Cá Dentro….
Luiz Pacheco - Textos de Guerrilha - pág. 33

Todos os companheiros da Rua Viriato sabiam qual tinha sido a minha especialidade na guerra do ultramar, (explosivos, minas, armadilhas e sabotagem) e em cima da papeleira dormia a faca de mato (como fantasma desse passado). O facto do meu cognome de o Facas é real e foi devido a um bufo (do qual fui avisado pelo capitão, comandante da esquadra do Matadouro, que era meu amigo. Proibi-o entrar lá em casa, até porque devido a ele já lá tinha estado o piquete da PSP e tínhamos sido todos identificados e não foi pior porque o subchefe me reconheceu como amigo do comandante.
Uma noite, misturado entre malta conhecida do Café Montecarlo, ele surge à porta da sala e eu atirei a faca de mato, espetando-a na madeira da porta perto da orelha do bufo… Penso que todos ficam esclarecidos sobre o meu cognome de João Franco (o Facas), é verdade que naquele tempo (1968) ninguém punha em duvida que se um Bufo, tentasse entrar no nosso meio, e fosse detectado, eu o atacava…

Entre as muitas histórias que se passam durante a rodagem do Filme há uma de que nunca me esqueço, o Luiz Pacheco também estava incluído nos personagens, só que de repente desapareceu, tiveram de ir buscar o actor José Viana para o substituir.
João Ramos Franco

Mes emmerdes - Charles Aznavour

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A face da biblioteca Paterna…






















Manuel Silvestre Ramos Franco
Três anos estudante de Medicina Humana, um de Farmácia e formou-se em Medicina Veterinária. Estagiou no Instituto Pasteur Paris em Lisboa onde contribuiu para a fundação da Secção de Veterinária em Portugal. É convidado a ir para a sede em Paris de onde é nomeado para Espanha com instruções para abrir a Secção de Veterinária em Madrid, não o consegue devido à Guerra Civil. Apresenta Tese em Medecina Veterinaria Tropical.
Em 1939, a Câmara Municipal Caldas da Rainha, abre uma vaga para Médico Veterinário Municipal, que vem a ser ocupada por o meu Pai até 11 de Março de 1967, data em que faleceu.
Do Livro de Queima das Fitas, retiro o poema, com que os colegas o retratam:

A multidão ulula, agita-se fremente…
Já se quebrou um banco,
Desordem, confusão…mas milagrosamente,
Faz-se calma e silencio…ergueu-se o Ramos Franco!

Ergueu-se, ergueu-se, e na amplidão da sala,
Campeia a sua voz, e tudo mais se cala…

E dá conselhos bons, sensatos, paternais.
Como quem viveu setenta carnavais…

Quatro terços da sua actividade,
Da sua força viva…
Consagra-os com fervor e sem vaidade,
À vida associativa…

Suas acções são sempre reguladas
Por rectilíneas pautas,
Mas quero aqui deixar sobre-avisadas
As donzelas incautas,

Pois muito embora êle seja bom rapaz,
Lembrai-vos do rifão:
«Bem prega Frei Tomaz…»
…E fexai bem à chave o coração…

Uma das músicas que gostava…
John Williams - Rodrigo Concerto De Aranjuez

terça-feira, 21 de julho de 2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Gente Normal Precisa-se...















Podem acreditar que ao ler estas palavras fiquei a tentar encontrar um sentido abrangente das mesmas na nossa sociedade, não porque estivessem fora de contexto quando as li, mas porque o sentido lato das mesmas é relativo para cada um nós.
João Ramos Franco

«Minha inteligência tornou-se um coração cheio de pavor,
E é com minhas ideias que tremo, com minha consciência de mim,
Com a substância essencial do meu ser abstracto
Que sufoco de incompreensível,
Que me esmago de ultratranscendente,
E deste medo, desta angústia, deste perigo de ultra-ser,
Não se pode fugir, não se pode fugir, não se pode fugir!
Cárcere do ser, não há libertação de ti?
Cárcere do pensar não há libertação de ti?
Ah, não, nenhuma, nem morte nem vida nem Deus!
Nós, irmãos gémeos do Destino em ambos existirmos,
Nós irmãos gémeos dos Deuses todos de toda a espécie,
Em sermos o mesmo abismo, em sermos a mesma sombra,
Sombra sejamos ou sejamos luz, sempre a mesma noite.»
Fernando Pessoa

Ces gens-là - Jacques Brel

domingo, 19 de julho de 2009

Caminhando…

















Não conhecia este caminho quando me propus a percorre-lo, estava ali e era o único a seguir, já há décadas que o piso, indiferente de onde me leva, no entanto sinto que tive a sorte de não ser o pior,,,
O percurso é sinuoso mas a consciência do que tenho que percorrer não é alterada. Curvas e obstáculos, observo-os e cautelosamente, sem ter em conta o tempo que demoro, vou prosseguindo, observando com atenção, não me vá aparecer mais à frente igual e me apanhe desprevenido.
João Ramos Franco

My Way

sexta-feira, 17 de julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

João Villaret






















O elogio a este actor e declamador que tive o prazer ver: no cinema (em Frei Luís de Sousa), no teatro (em Esta noite Choveu Prata) e como declamador no teatro S. Luís e na RTP, é mostrar-vos que ainda hoje, o ouço e recordo.

João Villaret :: Cântico Negro :: José Régio



João Villaret :: Outro Poema :: Álvaro de Campos



Fado Falado


João Villaret - Recado a Lisboa

segunda-feira, 13 de julho de 2009

VIAGEM À RODA DA PARVÓNIA - Guerra Junqueiro e Guilherme de Azevedo - (Comendador Gil Vaz)






















Este livro, “VIAGEM À RODA DA PARVÓNIA”, fazia parte da biblioteca paterna. O recordá-lo, aqui, leva-me a um passado, em que me apercebi mais do estado social do País anterior à Republica e de como fui formando um certo modo estar e pensar. A capa do livro é igual à da edição que eu li. Os personagens 1º SUJEITO, 2º SUJEITO, GAROTO, 1º BANQUEIRO, 2º BANQUEIRO, 1º JORNALISTA, 2º JORNALISTA, 1º BACHAREL, 2º BACHAREL, 1º GATUNO, 2º GATUNO, vão passando por cena e criando o ambiente para o aparecimento do Judeu. Tudo o que transcrevo é retirado de diversos sites da internet, que estão devidamente identificados, pois só com esta pesquisa vos poderia dar a imagem da obra que li e a época a que se refere.
João Ramos Franco

...Guilherme de Azevedo de parceria com Guerra Junqueiro e sob o pseudónimo colectivo de «comendador» Gil Vaz, sobe à cena no Teatro do Ginásio em 17 de Janeiro 1879 e é depois publicada a «revista do ano», ou, como lhe chama, o «relatório em 4 actos, Viagem à Roda da Parvónia. Ramalho Ortigão considera esta peça uma «fiel pintura dos costumes constitucionais»...
http://www.vidaslusofonas.pt/Gazevedo.htm

VIAGEM À RODA DA PARVÓNIA

Guerra Junqueiro
Guilherme de Azevedo
(Comendador Gil Vaz)

….Assim teria de ser e foi; aquelas notas eram nem mais nem menos que para a Viagem à roda da Parvónia que estavam escrevendo para o Ginásio.
A crítica motejante espalhava-se a fluxo pelos quatro actos com carapuças bem talhadas para as cabeças das instituições, principiando pelas da autoridade e acabando nas dos mais graves conselheiros.

….A tempestade não se fez esperar; rugiu, trovejou, principiando pelos pés, que não de vento mas de muitos bons burgueses bem calçados, subiu às cadeiras, que voaram pela sala estilhaçadas e, se os apitos não estridularam a reclamar a polícia, é porque estava presente na pessoa do Sr. conselheiro Arrobas, Governador Civil, que desabou em cheio, com toda a massa da sua rotundidade e peso do seu nome, sobre o relatório de Gil Vaz, proibindo a representação por imoral e má figura!

…Era de esperar; atacava-se a moralidade da política por meio do relatório ao vivo do comendador Gil Vaz. Relatórios só os das finanças, que davam a ilusória esperança da extinção do deficit sempre progressivo, não perturbando a beatitude das consciências.
Fazia lembrar aquele ferreiro que, lendo no Rei do Mundo
uma descrição do velho Império Romano decadente, se indignou das imoralidades que lá campeavam e arremessou para longe o livro…
http://www.esferadocaos.pt/docs/EDC_PDF_PARVONIA_06009.pdf ()

...JUDEU
(Aparece montado num burro, traja varino grosseiro, galochas de borracha, na cabeça um carapuço de lã. com borla; vem coberto de pó dos séculos – ou, não podendo ser de pó dos séculos, de qualquer outro. A tiracolo um frasco de genebra e um binóculo. Apeia-se ficando com o burro preso pela rédea.) Tenho corrido Seca e Meca, faltava-me correr os Olivais de Santarém! Condenado pelo destino a caminhar constantemente, andarilho eterno, um verdadeiro almocreve dos tempos, depois de ter visto as pirâmides do Egipto, o Pólo Norte, Roma, Cartago, Babilónia; depois de ter assistido à queda dos impérios, ao dilúvio, à revolução de 1820, (suspende-se) perdão! (Olhando para a plateia.) Aquele senhor de óculos azuis que ali está no fundo da plateia, muito espantado a olhar para mim, quer talvez saber quem eu sou, de onde venho e para onde vou? Eu lhe digo. Quem sou? Sou o Judeu Errante Júnior. Tenho de idade 7 000 anos e três dias, (mostra um papel) aqui está a certidão. – Nascido na freguesia do Éden, filho do Judeu Errante Sénior, solteiro, isento do recrutamento, bacharel em quatro faculdades e vacinado. – Ando há sete mil anos à busca da Parvónia e só hoje a pude encontrar. Tenho-me farto de perguntar a toda a gente aonde fica este país, e diz-me um: olhe, é ali abaixo, à direita, com um ramo de louro à porta; – caminho, caminho, caminho e vou dar à ilha de Chipre! Torno a perguntar, e respondem-me: olhe, vá o senhor andando por aí abaixo, e em sentindo no nariz um cheiro pouco parlamentar, (3) pode ter a certeza de que nesse instante pousou a planta fatigada na cidade de Ulisses, outrora Ulissipo e em nossos dias Parvónia. Finalmente, cheguei, não há dúvida. (Levando o lenço ao nariz.) Fique entretanto entendido, ó Lusos, que se cheguei devo-o unicamente a este raro quadrúpede originário de Sintra, que um príncipe excêntrico daqui levou há dois anos, e que há poucos dias mandou vender em leilão. (4) Foi ele que, movido pela nostalgia da pátria, me conduziu à terra que lhe foi berço e aonde recebeu a sua primeira educação. (Prende o burro.) Descansa, dedicado companheiro, descansa que bem o precisas!...
…CICERONE
(Chegando apressado: grande toilette de belfurinheiro em exercício.) Ora onde eu o venho encontrar! Maganão, há tanto tempo que o não via!
JUDEU
(Absorto.) Nem eu, meu caro senhor. Nunca o vi mais gordo! O que deseja?...
CICERONE
(Falando apressadamente, e tirando vários objectos das algibeiras e da mala que traz a tiracolo.) Então a amigo já tem hospedaria? Precisa escovas para o cabelo? Quer a pasta da Justiça? Quer que lhe leve as malas ou quer a carta do Conselho? Olhe, ali na Rua do Arsenal há cigarrilhas espanholas magníficas, mas se quer ó hábito de S. Tiago também se lhe arranja: isto aqui é pedir por boca. Não tem senão escolher: ou vai para a Rua dos Vinagres ou então, se lhe faz mais arranjo, pode meter-se no Tribunal de Contas. No Conselho de Estado não há agora vaga. Prefere ser guarda-nocturno? visconde não é mau, mas guarda a cavalo é melhor. Escolha; deseja empenhar a consciência, deseja empenhar o relógio? Pretende ser deputado? Pelo governo custa-lhe 300 libras, pela oposição 200. Quer casar, quer ser da irmandade dos Terceiros? quer elogios nos jornais? Ou antes pelo contrário não quer nada disto e deseja apenas ser um brasileiro rico e bem conceituado na sua freguesia? Porque não me fica com este décimo da lotaria de Espanha e com esta comenda de Isabel a Católica? São ambas do Fonseca! Vamos, decida-se: o senhor precisa por força de alguma coisa. Aqui tem uma pomada para fazer cair o cabelo e os ministérios; aqui tem cartas de conselho, tftu1ºs de dívida infundada, baralhos de cartas, fluidos transmutativos, microscópios para ver pulgas e grandes homens; títulos para deitar nódoas e sabonetes para as tirar; enfim, aqui tem nesta drogaria diabólica tudo quanto é preciso para levar um homem desde a imortalidade até à polícia correccional!
JUDEU
(Entusiasmado.) Heureca! achei o meu homem! O Cicerone que eu procurava há tanto tempo! (Dando-lhe o braço.) Vamos dar um passeio pela Parvónia.
CICERONE
A primeira coisa que há a fazer, para obter tudo o que quiser, eu lha digo já, – entretanto será sempre bom disfarçar o nome e a cara. Agora, para abrir caminho e conseguir tudo, absolutamente tudo, deve propor-se deputado. As eleições estão à porta.
JUDEU
Deputado! Mas se eu não souber ler nem escrever?
CICERONE
Melhor! pode já contar com a eleição; não há tempo a perder, vamos à igreja.
JUDEU
(Detendo-se.) Mas o demónio é o burro! aonde é que havemos de guardar este jumento?
CICERONE
Não tem dúvida. (Chamando um garoto.) Olé! vai-me meter este burro no Tribunal de Contas. (7) (Saem de braço dado.)…
….Nota 1
A propósito:
O coração do povo não é incorruptível, mas encerra um fundo de bondade e de justiça que o faz abraçar todas as ideias generosas.
A janeirinha trouxe eleições sob o Pôncio Pilatos do progresso, actualmente chamado duque de Ávila. Propõe-se pelo meu circulo Barros e Cunha, barão de Alcantarilho e José Figueiredo, todos bem esperançados; mas José Figueiredo vence, sem alcançar maioria absoluta.
Os dois retiram, e alguns se lembram de me propor, contra José Figueiredo.
Eu conhecia este bom rapaz, e sabia o natural empenho do pai em o levar ao parlamento: sabia da política apenas o necessário para a detestar. Por isso resisti a todas as instâncias, até que enfim, ponderando o escândalo que seria não chegar a querer de graça, sem compromisso nem sacrifício algum, o que tantos, tantíssimos desejam a troco de todos os compromissos e sacrifícios, acabei por dizer, uma quinta-feira à noite: Pois se me elegerem, aceito.
No domingo imediato, contra as instruções de Pôncio Pilatos, e apesar dos trabalhos acumulados da numerosa e prestigiosa família Mascarenhas, saio eleito por cem votos de maioria.
Assombro geral! Os próprios vencedores custava-lhes reconhecer a sua obra; parecia-lhes que uma potência invisível os tinha auxiliado.
E tinha: era a grande potência do coração do povo.
Não me surpreendeu; previa-o.
– Deus fez o mundo em seis dias, e nós não havemos de ganhar uma eleição em três? – dizia eu aos que arrepelando-se pela minha irresolução viam correr um tempo precioso e irreparável.
Nós nem sabíamos que tu podias ser eleito, disse o povo; mas agora que nos dizem que podes ser, tu não tens feito mal, tu recomendas o outro, tu és bom rapaz; pobres somos nós todos, vamos-te eleger de graça.
E os pobres festejaram a sua própria vitória, quotizando-se para beber à saúde do deputado.
Assim caí das nuvens no parlamento, por uma eleição singular (que podia ser a coisa mais ordinária deste mundo).
Transporto-me a Lisboa e quebra por esse tempo um negociante meu patrício, envolvendo na quebra fortuna e crédito dum pobre amigo seu muito dedicado, que só com certo favor do Banco de Portugal se podia salvar.
Já várias vezes o quebrado tinha solicitado esse favor, debalde; e pede-me pelo amor de Deus que o acompanhe a casa dum director do Banco.
Fomos. Apenas o director o avista, rompe em justas queixas pela insistência com que apesar das suas advertências era importunado com negócios do Banco em sua própria casa, onde tinha direito e necessidade de repousar.
O quebrado, não sabendo que dizer, apresenta-me por nome e título...
Eu nunca fiz tão alta ideia da dignidade de deputado, nem uma ideia tão aproximada da transfiguração no Tabor.
O director tira o semblante e o boné: prova-me que sabia de cor as Flores do Campo, desde o primeiro até ao último verso; convence-me de que eu nada pedia do Banco, antes lhe proporcionava a ele ocasião de pôr em prática o espírito e a letra daquela instituição essencialmente patriótica e humana; que se alguém devia favores, era o Banco que mos devia a mim...
Nesta certeza, saí nadando em delícias por ter ao mesmo tempo salvado uma família e penhorado o Banco de Portugal.
Esta história parece-me um justo comentário à frase que Gil Vaz me encarrega de anotar.
JOÃO DE DEUS
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/junquei2.htm

sábado, 11 de julho de 2009

A mis Amigos - Alberto Cortez






















A Mis Amigos
Alberto Cortez
Composição: Alberto Cortez

"A mis amigos les adeudo la ternura
y las palabras de aliento y el abrazo;
el compartir con todos ellos la factura
que nos presenta la vida, paso a paso.

A mis amigos les adeudo la paciencia
de tolerarme las espinas más agudas;
los arrebatos de humor, la negligencia,
las vanidades, los temores y las dudas.

Un barco frágil de papel,
parece a veces la amistad
pero jamás puede con él
la más violenta tempestad
porque ese barco de papel,
tiene aferrado a su timón
por capitán y timonel:
un corazón.

A mis amigos les adeudo algún enfado
que perturbara sin querer nuestra armonía;
sabemos todos que no puede ser pecado
el discutir, alguna vez, por tonterías.

A mis amigos legaré cuando me muera
mi devoción en un acorde de guitarra
y entre los versos olvidados de un poema,
mi pobre alma incorregible de cigarra.

Un barco frágil de papel,
parece a veces la amistad
pero jamás puede con él
la más violenta tempestad
porque ese barco de papel,
tiene aferrado a su timón
por capitán y timonel:
un corazón.

Amigo mío si esta copla como el viento,
adonde quieras escucharla te reclama,
serás plural, porque lo exige el sentimiento
cuando se lleva a los amigos en el alma.

João Jales






















Um colega que morava no mesmo prédio que eu, e que devido à diferença de idade, só me tornei amigo, através do blogue dos Antigos Alunos do ERO.
Ao cita-lo neste Blogue, não quero esquecer um devido agradecimento ao amigo, que junto, com o João Serra, insistiram para que ele aparecesse.
Entre as múltiplas qualidades que nos tem mostrado, desde gestor do Blogue dos Antigos Alunos do ERO, a contador de histórias, há uma em que se destaca, a de comentador das nossas músicas, onde com as suas palavras de estudioso e coleccionador do vinil nos dá conhecer o que desconhecemos das musicas e canções de que nós gostamos.
João Ramos Franco

entrevista joão jales

quarta-feira, 8 de julho de 2009

domingo, 5 de julho de 2009

A Obra de Berquó – Jornal das Caldas, Outubro 8th, 2008

É com imenso prazer que publico no blogue este artigo sobre o Património Histórico de Caldas da Rainha, agradeço desde já a autorização que solicitei para a sua publicação e que prontamente me foi dada. Não posso esquecer, Hermínio de Oliveira, autor deste estudo, para ele vai também a minha gratidão e um bem haja.
É bastante grato para mim dar a conhecer tudo o que se faz em prol da História da Cidade onde nasci, estudei e vivi a minha juventude.
João Ramos Franco
















Outubro 8th, 2008
Sempre me impressionou a extraordinária obra que D. Rodrigo Berquó realizou nas Caldas, entre 1888 e 1896, ano da sua morte. Logo que tomou posse, em princípios de Janeiro, inicia de imediato as grandiosas obras no Parque com a transformação total do mesmo.
Dos terrenos de vocação agrícola faz um parque de índole turística, que ele propõe chamar-se Parque D. Carlos I, o que o rei autoriza em Novembro de 1889. Realiza obras no Clube, construindo o Salão de Festas, sala de baile e o céu de vidro, desenha a ilha e o Lago, faz obras de captação de água para abastecimento público, tornando os chafarizes joaninos vastos fornecedores de água; as Caldas tinham na altura quase 5.000 habitantes e ainda no meu tempo se ia buscar água aos poços dos vizinhos; é presidente da Câmara durante um ano e promove a urbanização da Avenida e do Arneiro das Chocas onde já se vinha criando a Praça Nova e onde marcou o terreno necessário ao Teatro Pinheiro Chagas, que estava instalado no Parque, não lhe permitindo o seu desafogo e a abertura do Olival de Baixo em Rua de Camões – a primeira rua solenemente baptizada nas Caldas - e onde faz novas canalizações na Rua Camões; constrói o Matadouro, que a Câmara, já da presidência de Jacinto da Silva Ribas, grande comerciante caldense, aprova; em 1892 as obras do Parque são dadas por concluídas e nesse mesmo ano é o Hospital autorizado a construir um vultuoso empréstimo na Caixa Geral de Depósitos, para obras. Constrói mais um piso no Hospital; um outro na Convalescença e no Palácio Real; desenha o Largo Rainha D. Leonor e as ruas que circundam o Hospital, proibindo a circulação no Largo; constrói os Pavilhões do Parque destinados ao Hospital D. Carlos I, e o Hospital Santo Isidoro. Morre a 15 de Março de 1896.
Sucede-lhe como administrador o Doutor José Filipe de Andrade Rebelo, que no primeiro relatório que faz vasa nele todo o fel que os actos e a personalidade de Berquó lhe provocavam e faz com que as obras do Hospital D. Carlos I parem no argumento de que o que as Caldas precisa é de obras no Hospital Termal e não de um hospital novo.
Até hoje lá estão os Pavilhões como ícone das Caldas, inacabados como o Dr. José Filipe quis.
Mas, quem foram os operários, altamente qualificados, que aqui trabalharam? – De onde vieram, quantos eram, onde viviam?
Um dado pessoal. Meu avô paterno era natural de Mação, perto de Abrantes. Mestre estucador, parece não ter tido na sua terra trabalho qualificado nem rendimento compatível com as suas habilitações profissionais. Foi para o Porto e de lá para as Caldas, onde veio a trabalhar para o Hospital com Rodrigo Berquó. Houve sempre na família a ideia que tinha para cá vindo, resultado do aliciamento que se fazia aos mestres, que seriam líderes de opinião, por natureza.
A crise de 1890, que vinha de trás, explicaria isso.
A obra gigantesca de Berquó imporia muitas centenas de trabalhadores. Nas Caldas há memoria disso, na Rua da Ilha, denominação típica do Porto para as habitações dos operários e gente humilde ainda hoje existente no Largo da Feira, um quintal comprido com casas baixinhas de um lado e doutro. Pelo menos dois prédios que conheci na Rua da Ilha também eram assim chamados. Corredores compridos e quartos de um lado e doutro. Não há Informações reais de quantos operários aqui trabalhariam. Já vi referências a 2.000 e não me custa muito admitir que sim. Ponderemos o seguinte: os Pavilhões do Parque têm cada pedra afeiçoada cá fora, antes de ser colocada no sítio. Cada uma daquelas pedras tem trabalho de canteiro ou de pedreiro muito hábil antes de ser colocada na parede. Não sei quantas centenas de milhares de pedras tem aquele edifício mas podem multiplicar por horas cada uma.
Uma curiosa correspondência de um jornalista espanhol do Blanco e Negro, sobre as Caldas, dizia ”Obras, obras, obras, não se dá um passo sem tropeçar numa pedra. O Hospital em obras. A Convalescença em obras, o Clube em Obras, a Cerca em obras, as ruas em obras. Não espero que as Caldas volte a ser o que era, mas ao menos que volte à tranquilidade que perdeu.
O que seria aquele espaço, que ainda não era Parque, com os canteiros sentados com uma pedra tosca à sua frente, pelo menos um metro quadrado para cada um, afeiçoando-a de acordo com o desenho do mestre para encaixar perfeitamente e continuar o desenho e o relevo do projecto.
Para fazer aquilo em pouco mais de dois anos e meio eram precisas muitas centenas de operários – dos bons!
Bom! Mas eles estariam cá à volta de 8 anos – só para as obras do Hospital. – Então e as casas que iam aparecendo pela cidade?
Na Praça Velha e na Praça Nova, nas ruas que nasciam das novas urbanizações da Avenida, na Rua Serpa Pinto (hoje Miguel Bombarda) na Rua D. Amélia (hoje da Liberdade), na General Queirós, Capitão Filipe de Sousa, na Rua de Camões, Largo das Águas Quentes, (depois Conde de Fontalva), etc., etc.. E casas muito bem feitas algumas desenhadas pelo mestre de obras do Hospital, vindo do tempo de Berquó, Francisco Matias de Oliveira Santos, que construiu o Teatro Pinheiro Chagas, na nova urbanização da Praça 5 de Outubro, começado em 1897 e inaugurado em 16 de Setembro de 1901. Era uma sala vasta com duas ordens de camarotes, plateia com “fauteils” (como se dizia) superior e geral com 522 lugares, a cinco lugares cada camarote, que podiam ir até 8.
Quando o espanhol escreveu “Obras, obras, obras” tinha com certeza razão.
Mas continuo na minha. – Onde é que tanta gente morava?
E só encontro uma resposta: No Bairro das Águas Santas!
Bairro operário por natureza, nele provavelmente, se aninharam as centenas de operários que durante oito anos aqui tiveram trabalho de Verão e de Inverno, pago a horas e sem regateios.
A influência da obra e da pessoa de D. Rodrigo Maria Berquó chegou até nós, mas também um eco vago da sua arrogância de “Cantagalo” sem a qual talvez não fosse possível tal obra!
Hermínio de Oliveira
http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2008/10/08/a-obra-de-berquo

Estar só nesta tarefa de poder dar continuidade a este estudo, seria imprudente da minha parte, devido a esta razão pedi colaboração à Drª. Isabel Xavier digna estudiosa do Património Histórico de Caldas da Rainha, que me enviou o seguinte comentário:

Rodrigo Berquó era também uma espécie de visionário, queria fazer das Caldas umas termas como Vichy, ou outras de nível internacional, daí o seu interesse em dotar as Caldas dos equipamentos correspondentes.
Foi mal compreendido como quase sempre acontece a quem tem valor. Havia, aliás, uma guerra aberta entre ele e Rafael Bordalo Pinheiro que não o poupava nos jornais humorísticos. Eram, afinal, duas personalidades muito fortes e que fortemente marcaram a vida das Caldas nos finais do século XIX.

Richard Clayderman - Autumn Leaves

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A Um Deus Desconhecido - John Steinbeck






















Um símbolo do romance é o velho e majestoso carvalho que co¬bria a casa da família com seus ramos protectores. Venera-se a árvore, pois nela reconhece a alma de seu pai. Já no vale, recebe uma carta a anunciar-lhe a morte do pai e o sentimento não é de tris¬teza, mas de boas-vindas: “a grande árvore agitou-se vivamente sob o vento”. Ergueu a cabeça e olhou para os seus velhos e enrugados ramos. Os olhos iluminaram-se-lhe em reconhecimento e desejou as boas-vindas ao ser forte e simples que era o seu pai, que paira, com a sua juventude, como uma nuvem de paz, penetrando na árvore. (...) “Estou contente por ter vindo”. Há um sentimento de filiação com a árvore que ele confessa: “O meu pai está dentro daquela árvore, o meu pai é aquela árvore!”

"Mas ao Joseph não conheço porque não conheci o pai dele. (...) Talvez uma divindade venha viver para a terra de vez em quando. O Joseph possui força sobre uma visão confusa, tem a calma das montanhas e as suas emoções são tão selvagens, ferozes e vivas como relâmpagos, e tão destituídas de racionalidade quanto eu me possa ter apercebido (...) A sua figura crescera até se tornar enorme, até ser maior que as montanhas, e a sua força parecer-se-á com o irresistível impulso de vento. (...) Não se consegue conceber o Joseph a morrer. Ele é eterno. O seu pai morreu e isso não foi bem morrer, (...) garanto-te que esse homem não é um homem, a não ser que seja todos os homens. A força, a resistência, o longo e laborioso raciocínio de todos os homens, e também toda a alegria e sofrimento. (....) “Ele é tudo isso, um repositório de um pedacinho de cada alma humana e, mais que isso, um símbolo do espírito da terra”.
A Um Deus Desconhecido. Pags. 106,107