Hat Man
-
Esta foto foi finalista e acabou de ser premiada agora com uma medalha de
ouro no Paris International Street Photography Awards 2024 photo contest.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Seguem-se as Eleições Autárquicas
O caminho a percorrer terminou ontem a primeira etapa com a nossa vitória nas Eleições Legislativas. Não desmobilizamos, a segunda etapa, as Eleições Autárquicas, seguem-se e devemos partir para elas com toda a nossa força e união. O dever de nos empenharmos e estar presentes passa pela consciência de que o Poder Local é a Base da Democracia. O nosso empenho deve ser total, tentando ganhar com a nossa força, voto a voto, a eleição dos Autarcas do Partido Socialista. Eu estarei atento onde resido, (Lisboa), também estarei atento à cidade onde nasci (Caldas da Rainha) e onde for necessário ao PS.
João Ramos Franco
My Way
Publicada por
João Ramos Franco
domingo, 27 de setembro de 2009
O Único Mistério do Universo é o Mais e não o Menos
O Único Mistério do Universo é o Mais e não o Menos
No dia brancamente nublado entristeço quase a medo
E ponho-me a meditar nos problemas que finjo...
Se o homem fosse, como deveria ser,
Não um animal doente, mas o mais perfeito dos animais,
Animal directo e não indirecto,
Devia ser outra a sua forma de encontrar um sentido às coisas,
Outra e verdadeira.
Devia haver adquirido um sentido do «conjunto»;
Um sentido, como ver e ouvir, do «total» das coisas
E não, como temos, um pensamento do «conjunto»;
E não, como temos, uma ideia do «total» das coisas.
E assim - veríamos - não teríamos noção de conjunto ou de total,
Porque o sentido de «total» ou de «conjunto» não seria de um «total» ou de um «conjunto»
Mas da verdadeira Natureza talvez nem todo nem partes.
O único mistério do Universo é o mais e não o menos.
Percebemos demais as coisas - eis o erro e a dúvida.
O que existe transcende para baixo o que julgamos que existe.
A Realidade é apenas real e não pensada.
O Universo não é uma ideia minha.
A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.
A noite não anoitece pelos meus olhos.
A minha ideia da noite é que anoitece por meus olhos.
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso.
Assim como falham as palavras quando queremos exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando queremos pensar qualquer realidade.
Mas, como a essência do pensamento não é ser dita, mas ser pensada,
Assim é a essência da realidade o existir, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos,
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.
O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.
Estas verdades não são perfeitas porque são ditas,
E antes de ditas, pensadas:
Mas no fundo o que está certo é elas negarem-se a si próprias
Na negação oposta de afirmarem qualquer coisa.
A única afirmação é ser.
E ser o oposto é o que não queria de mim...
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Gilbert Becaud - l'important c'est la rose
Publicada por
João Ramos Franco
sábado, 26 de setembro de 2009
Aqui Onde se Espera
Aqui onde se espera
- Sossego, só sossego -
Isso que outrora era,
Aqui onde, dormindo,
-Sossego, só sossego-
Se sente a noite vindo,
E nada importaria
-Sossego, só sossego-
Que fosse antes o dia,
Aqui, aqui estarei
-Sossego, só sossego -
Como no exílio um rei,
Gozando da ventura
- Sossego, só sossego -
De não ter a amargura
De reinar, mas guardando
- Sossego, só sossego -
O nome venerando...
Que mais quer quem descansa
- Sossego, só sossego -
Da dor e da esperança,
Que ter a negação
- Sossego, só sossego -
De todo o coração ?
Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'
El condor pasa - PERU
Publicada por
João Ramos Franco
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Voto Partido Socialista - Legislativas 2009
Como militante de Base do PS (desde o de 25 Abril de 1974) João Manuel Calisto Ramos Franco, 67 anos, Técnico de Informática (aposentado) consciente de que estou num Partido Pluralista em que nunca, esteve em causa o meu voto ou a minha luta pela união de forças dentro PS.
Manuel Alegre disse:
“Para o Partido Socialista, no dia 27, estão em causa «os direitos sociais consagrados na Constituição da República».
«Um regresso deste PSD seria uma regressão na economia, nas políticas públicas, nos direitos sociais e na qualidade da democracia. A lógica do Estado mínimo, a retirada do Estado das políticas públicas sociais traz consigo uma lógica de asfixia social. E com asfixia social, sim, é que há asfixia democrática», declarou.
«Meu caro José Sócrates, Portugal precisa de um Governo que seja capaz de se renovar, de se repensar, de ser ele próprio um factor de mudança e de procurar novas soluções para esta crise estrutural. Sobretudo, é preciso nunca esquecer que o poder não é um fim em si mesmo, mas um meio para servir as pessoas», sublinhou.”
Eu, consciente de que os Portugueses, saberão optar pela Governabilidade estável do País, neste tempo de crise internacional, faço o apelo ao voto no Partido Socialista.
João Ramos Franco
Jacques Brel.J'arrive
Publicada por
João Ramos Franco
domingo, 20 de setembro de 2009
Legislativas 2009
Como militante de Base do PS(desde o de 25 Abril de 1974) é com honra que João Manuel Calisto Ramos Franco, 63 anos, Técnico de Informática (aposentado) vos mostra desde quando sou apoiante de Manuel Alegre, consciente de que estou num Partido Pluralista em que nunca, por perder as Eleições para o Secretariado Geral do Partido, esteve em causa o meu voto ou a minha luta pela união de forças dentro PS. Actualmente tenho quase 67 anos.
Manuel Alegre PS Coimbra
É com emoção que estou outra vez em Coimbra onde estão as minhas raízes culturais, políticas e afectivas: Miguel Torga, Fernando Valle, António Portugal, António Arnaut e Fausto Correia. É por eles que estou aqui também hoje», disse Manuel Alegre nas suas primeiras palavras no comício de Coimbra, recebendo uma prolongada ovação.
Antes de fazer um duro ataque à liderança do PSD, Manuel Alegre explicou os motivos da sua presença na campanha do PS, lembrando inclusivamente, que não aceitou ser candidato a deputado por este partido.
«Tive a honra de ser cabeça-de-lista do PS por Coimbra, desta vez não sou por vontade própria, mas estou aqui para afirmar a unidade do PS no essencial - e o essencial é derrotar o PSD, impedir que venha um Governo de direita que rasgue as políticas sociais e instaure um Estado mínimo para os pobres e um Estado máximo para os poderosos», sublinhou.
Para Manuel Alegre, no dia 27, estão em causa «os direitos sociais consagrados na Constituição da República».
«Um regresso deste PSD seria uma regressão na economia, nas políticas públicas, nos direitos sociais e na qualidade da democracia. A lógica do Estado mínimo, a retirada do Estado das políticas públicas sociais traz consigo uma lógica de asfixia social. E com asfixia social, sim, é que há asfixia democrática», declarou.
Na sua intervenção, Manuel Alegre defendeu ainda que Portugal precisa de um Governo da «esquerda possível», do PS.
«Portugal não precisa do regresso da direita, precisa de um Governo de esquerda, da esquerda possível - e esse Governo é o Governo do PS».
O ex-candidato presidencial dirigiu-se também ao secretário-geral do PS, José Sócrates, para fazer algumas advertências em relação ao futuro.
«Meu caro José Sócrates, Portugal precisa de um Governo que seja capaz de se renovar, de se repensar, de ser ele próprio um factor de mudança e de procurar novas soluções para esta crise estrutural. Sobretudo, é preciso nunca esquecer que o poder não é um fim em si mesmo, mas um meio para servir as pessoas», sublinhou.
Esperança no Futuro...
Vangelis -conquest of the paradise - the universe
Publicada por
João Ramos Franco
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
O tempo a que chamo, Adormeci…
Preferia ter estado a dormir até Maio de 1967, data em regresso de Angola, mas realidade é outra. Se vos disser que durante todo o tempo de serviço militar estive alcoolizado, conto-vos a verdade.
Dói-me, que para voltar atrás no tempo e vos dar o retrato do meu eu actual, tenha que vos falar de certos segredos, transformados em emoções passadas, que pensava não ter de recordar…
Tudo seria muito melhor, se me vissem só como o estudante do ERO, que editou o Almanaque Caldense em 1963, onde me mostro com o conto A Praça, e o caminho percorrido na vida fosse aquele que nesse momento vos pensava dar…
- O horizonte de repente tornou-se curto…
O que estou agora a escrever, já deveria estar feito, mas em mim o libertar do peso real dos factos funcionava como travão, não que deixe de assumir responsabilidades e enfrentá-las, nada fiz em que a consciência me pese, mas a realidade é que participei no que nunca deveria ter participado.
Não vos vou contar histórias de guerra, mas poderão ver nas pequenas historias que vos vou dar, quanto um homem pode mudar por culpa da sociedade em que está inserido, nem tudo será sobre o que destruiu, também as hilariantes e belas contarei…
João Ramos Franco
Boris Vian - Le Deserteur
Publicada por
João Ramos Franco
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Adormeci?!…
Adormeci?!…
Em Janeiro de 1963 a vida folgada de estudante assistente do ERO e o horário das explicações, para terminar o 7º ano, davam-me a manhã livre.
Sentado na explanada da Zaira, numa daquelas manhãs em que o Sol neste mês nos dava essa permissão, tomava a bica e preparava-me para enfrentar mais um dia, em que o Latim e Alemão eram a única preocupação, como disciplinas que faltavam para terminar o liceal e fazer a admissão à Universidade.
O Rodolfo, senta-se à mesa e diz-me: já viste o edital na Câmara, da malta que é incorporada para tropa em Agosto?
- Não?!…
Respondi como quem estava descansado, devido a ter metido o requerimento para adiamento de incorporação e “às cunhas” que o acompanhavam.
- O teu nome está lá e entras comigo para o Curso de Sargentos em Tavira, diz o Rodolfo.
- Levantei-me da cadeira, sem nada dizer, abalado como se tivesse levado o coice de uma besta, e fui à Câmara confirmar a noticia…
- Voltei, sentei-me e pedi ao César que me trouxesse uma garrafa de Genebra.
- Uma garrafa de Genebra? Pergunta o César admirado…
- Sim, por favor não me perguntes mais nada, César. Disse eu.
Fiquei ali sentado a beber com se estivesse noutro mundo, as horas e pessoas passavam e eu abstracto a tudo…
João Ramos Franco
Tchaikovsky - 1812 overture (Part 2)
Publicada por
João Ramos Franco
sábado, 12 de setembro de 2009
Ser…
Parque D Carlos I
Ser…
Entre o muito que li, tento encontrar o meu modo de ser por aí…
Exercício Kafkiano, encontro um bocadinho espalhado por tudo o que li, mas não o que procuro…
Olhando-me ao espelho vejo apenas que os anos passaram e nada mais.
Sim, existe no todo de que me apercebo, um sonho que foi interrompido e que quero agora agarrar depois de acordar…
Será que tudo se passa assim?... As recordações do passado dizem-me que é este o caminho a percorrer, mas alertam-me para o presente, porque dele depende o futuro…
Queira ou não sou personagem de um romance, não escrito, que conta o meu passar pela vida…
JRF
Ser
Cansada expectativa tão ansiosa
que ser só eu na minha vida espalha!
Na longa noite em que se tece a malha
do que não serei nunca, fervorosa
minha presença rútila e curiosa
arde sombria como um arder de palha,
curiosa apenas de saber se goza
o voar das cinzas quando o vento calha
lá onde o levantá-las é verdade.
Inutilmente se mistura tudo,
que a mesma ansiedade, já esquecida,
de novo recomeça. Mas quem há-de
contrariá-la? Eu não, que não me iludo:
Viver é isto, quando se é só vida.
Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'
Charles Aznavour-Il faut savoir
Publicada por
João Ramos Franco
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Principio do qual não abdico
A Força da Amizade
Comecei assim este Blogue e mantenho como lema, a Amizade.
Amizade
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade
que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido
todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os
meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer
o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão
incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não
declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de
como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu
equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto
pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida
ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que
são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os."
(Vinícius de Moraes)*
publicada por João Ramos Franco às 15:17 a 17/Jan/2009
Alberto Cortez "Soy un ser humano"
Publicada por
João Ramos Franco
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Reflexo…
Por momentos o tempo recuou e senti-me quase que preso ao passado...
Reduzi as memórias a nada, tudo é criação da minha mente e por consequência ilusão…
Palavras a que pareço indiferente, chamam-me à realidade...
Querer estar ou não perante os factos que me são presentes são um querer ou não concretiza-los na mente…
O dizer que tudo o que se passa não é mais que pura criação do pensamento é dizer que no comportamento humano os valores foram alterados…
A fala, expressão do pensamento, é ferida pela realidade…
O Reflexo, imagem do presente, em busca das recordações do passado…
Ser Real quer Dizer não Estar Dentro de Mim
Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.
Ser real quer dizer não estar dentro de mim.
Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.
Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros,
Podendo tocar em outros,
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora.
Existe para mim — nos momentos em que julgo que efetivamente
existe —
Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo
Se a alma é mais real
Que o mundo exterior como tu, filósofos, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade"
Se é mais certo eu sentir
Do que existir a cousa que sinto —
Para que sinto
E para que surge essa cousa independentemente de mim
Sem precisar de mim para existir,
E eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros
Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente.
E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Cousa por cousa, o Mundo é mais certo.
Mas por que me interrogo, senão porque estou doente?
Nos dias certos; nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural,
Sinto sem sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o Universo é tão real como então,
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim.
Mas) tão sublimemente não-meu.
Quando digo "é evidente", quero acaso dizer "só eu é que o vejo"?
Quando digo "é verdade", quero acaso dizer "é minha opinião"?
Quando digo "ali está", quero acaso dizer "não está ali"?
E se isto é assim na vida, por que será diferente na filosofia?
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos,
E o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interior somos exterior.
Por isso somos exterior essencialmente.
Dizes, filósofo doente, filósofo enfim, que isto é materialismo.
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma ilosofia,
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha,
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu?
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Gilbert Bécaud - Je t'attends
Publicada por
João Ramos Franco
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Sei que passei por aqui…
Era noite, naquele tempo os Pavilhões não estavam tão iluminados, a caminho do Salão Ibéria, do ringue de Hóquei (eu também joguei Hóquei), e a caminho…, sei que passei que passei por aqui ainda jovem e tudo era belo…
Símbolos
Símbolos? Estou farto de símbolos...
Mas dizem-me que tudo é símbolo,
Todos me dizem nada.
Quais símbolos? Sonhos. —
Que o sol seja um símbolo, está bem...
Que a lua seja um símbolo, está bem...
Que a terra seja um símbolo, está bem...
Mas quem repara no sol senão quando a chuva cessa,
E ele rompe as nuvens e aponta para trás das costas,
Para o azul do céu?
Mas quem repara na lua senão para achar
Bela a luz que ela espalha, e não bem ela?
Mas quem repara na terra, que é o que pisa?
Chama terra aos campos, às árvores, aos montes,
Por uma diminuição instintiva,
Porque o mar também é terra...
Bem, vá, que tudo isso seja símbolo...
Mas que símbolo é, não o sol, não a lua, não a terra,
Mas neste poente precoce e azulando-se
O sol entre farrapos finos de nuvens,
Enquanto a lua é já vista, mística, no outro lado,
E o que fica da luz do dia
Doura a cabeça da costureira que pára vagamente à esquina
Onde se demorava outrora com o namorado que a deixou?
Símbolos? Não quero símbolos...
Queria — pobre figura de miséria e desamparo! —
Que o namorado voltasse para a costureira.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Seals and Crofts_We May Never Pass This Way
Edith Piaf - Les Amants D'Un Jour (1956)*
Publicada por
João Ramos Franco
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Memórias, sonhos, música…
Por aqui passa tudo o que vos transmito…
O sentir material da linha de montagem; recordações, sonhos, música…
Eu não Quero o Presente, Quero a Realidade
Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas
como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Castillos en el Aire
Publicada por
João Ramos Franco
Subscrever:
Mensagens (Atom)