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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

sexta-feira, 29 de julho de 2011

JANTAR "AMIGOS DA FOZ DO ARELHO"

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(Não me recordo de que sitio da internet retirei este postal)

JANTAR/ENCONTRO
Sábado, 6 de Agosto de 2011 às 18:30
INATEL Foz do Arelho

Voltar ao Passado…
«E se procurarem saber porque é que todas as imaginações humanas, frescas ou murchas, tristes ou alegres, se voltam para o passado, curiosas de nele penetrarem, acharão sem dúvida que o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar dos nossos aborrecimentos quotidianos, das nossas misérias, de nós mesmos. O presente é turvo e árido, o futuro está oculto.»

Anatole France in 'A Vida em Flor'

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sábado, 23 de julho de 2011

A Melhor Parte da Nossa Memória está Fora de Nós(1)…
















Foz do Arelho (Praia)


« As recordações em amor não constituem uma excepção às leis gerais da memória, também ela regida pelas leis do hábito. Como esta enfraquece tudo, o que mais nos faz lembrar uma pessoa é justamente aquilo que havíamos esquecido por ser insignificante e a que assim devolvemos toda a sua força.
A melhor parte da nossa memória está deste modo fora de nós. Está num ar de chuva, num cheiro a quarto fechado ou no de um primeiro fogaréu, seja onde for que de nós mesmos encontemos aquilo que a nossa inteligência pusera de parte, a última reserva do passado, a melhor, aquela que, quando se esgotam todas as outras, sabe ainda fazer-nos chorar.»

Marcel Prous, in 'A Fugitiva'

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Fim da Personagem…

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Zé Povinho, um pontapé magistral
Rafael Bordalo Pinheiro In: O António Maria,1884

Um prato de carneiro com batatas era tradicionalmente oferecido, após o acto eleitoral, aos eleitores arregimentados.

"O Zé Povinho, sob a protecção da República, dá um pontapé no caldeirão de carneiro com batatas com que Fontes e Mariano de Carvalho o tentavam aliciar"
(In: Fontes Pereira de Melo nas caricaturas de Bordalo Pinheiro, 1988).

O Zé Povinho, representando o cidadão contribuinte, torna-se símbolo de uma maior exigência em relação às contas públicas.


«Hoje, após tantas experiências, a personagem está ameaçada de ser suprimida exclusivamente a favor do escritor. A arborescência de memória, sombras de fantasia, suspeitas de sensibilidade ou a conversas fúteis, monólogos e solilóquios, parece estar reduzido a única personagem ainda hoje possível, isto é, aquela que diz «eu». É significativo que esta redução coincida com a procura atenta duma linguagem narrativa que satisfaça as ampliadas exigências estéticas do tempo. Em conclusão, depois do romance ter sido durante tanto tempo uma questão de conteúdo parece agora resolver-se por um compromisso formal. Teremos depois da lírica pura o romance puro? Como se vê estamos bem longe do romance oitocentista.
Evidentemente que a crise da personagem corresponde a uma crise semelhante do conceito do homem. O homem moderno não passaria duma entidade numérica dentro da colectividade entre as mais formidáveis que a humanidade já conheceu. Não existiria por si só mas como parte de qualquer outra coisa, de um organismo, de um sentimento, de um conceito colectivo. Com um tal homem é bastante difícil fazer uma personagem, pelo menos no sentido tradicional da palavra.
Mas neste ponto há necessidade de acentuar que muito mais do que a personagem conta a experiência metafísica e moral a partir da qual nasce a personagem mesmo. Essa experiência, provávelmente, será inteiramente renovada. Por isso o romance não morreu. Espera apenas um novo conceito do homem para renascer com dignidade.»

Alberto Moravia,in 'O Homem Como Fim' (texto escrito em 1941)

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sábado, 9 de julho de 2011

O Transitório e o Duradouro…


















Coreto - Parque D. Carlos I



«Lastimo os que atribuem grande importância ao tema do transitório das coisas e que se perdem em minudências terrenas sem valor. Porque nós existimos precisamente para transformar o transitório em duradouro, e tal só acontece quando somos capazes de apreciar ambas as coisas.

A vida, por mais vulgar que pareça ser, por mais que dê a ideia de se satisfazer com coisas triviais e quotidianas, nunca deixa de se ocupar atentamente, ainda que em silêncio, de certas exigências superiores e de procurar os meios necessários à respectiva satisfação.»

Johann Wolfgang von Goethe in 'Máximas e Reflexões'

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terça-feira, 5 de julho de 2011

O Paradoxo da Sociedade totalmente Livre…

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Delacroix – A Liberdade guiando o povo


«A pessoa ou instituição que encarregamos de nos tornar felizes têm o direito de se queixarem se lhes recordarmos que, apesar de tudo, continuamos livres e senhores de recalcitrar. Tudo o que não conseguimos realizar sós, diminui a nossa liberdade. O doente nas mãos do médico é como a sociedade nas mãos do salvador - herói ou partido.
Como? Encarregamo-nos de organizar a sociedade - isto é, vós próprios, e depois, pretendeis continuar livres.
Precisamente porque não existe sociedade económica pura, toda a organização científica da economia contém em si a afirmação de uma mística - quer dizer, um credo estatal que atinge também a vida interior, e, assim como o organizador deve eliminar toda a heterodoxia económica, terá igualmente de eliminar as heterodoxias interiores.
Uma sociedade inteiramente orientada do ponto de vista económico e totalmente livre espiritualmente é uma contradição.»

Cesare Pavese in 'O Ofício de Viver'

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domingo, 3 de julho de 2011

O Gosto Pela Contemplação…

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Cantora num Café-Concerto - Manet


«O poder interior do homem pode-se comparar ao de um rio que, impedido por um dique, forme uma bacia artificial dando assim origem a uma fonte de energia. Mas há séculos que este dique tem uma falha, a bacia está quase vazia, a energia pouco menos que gasta e todas as regiões em volta estão na escuridão. Deve-se portanto reforçar o dique e permitir que o nível da água suba. Por outras palavras, para encontrar uma ideia do homem, isto é, uma fonte de verdadeira energia, necessita-se que os homens reencontrem o gosto pela contemplação. A contemplação é o dique que alimenta de água a bacia. Ela permite aos homens acumular de novo a energia de que a acção os privou.»

Alberto Morávia in "O Homem Como Fim"

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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ser é Escolher-se…

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The night café - Van Gogh


«Para a realidade humana, ser é escolher-se: nada lhe vem de fora, nem tão-pouco de dentro, que possa receber ou aceitar. Está inteiramente abandonada, sem auxílio de nenhuma espécie, à insustentável necessidade de se fazer ser até ao mais ínfimo pormenor. Assim, a liberdade não é um ser: é o ser do homem, quer dizer, o seu nada de ser. (...) O homem não pode ser ora livre, ora escravo; ele é inteiramente e sempre livre, ou não é.»

Jean-Paul Sartre in 'O Ser e o Nada'

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