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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Fragilidade dos Valores… in 'A Genealogia da Moral'



Rafael Bordalo Pinheiro


Todas as coisas «boas» foram noutro tempo más; todo o pecado original veio a ser virtude original. O casamento, por exemplo, era tido como um atentado contra a sociedade e pagava-se uma multa, por ter tido a imprudência de se apropriar de uma mulher (ainda hoje no Cambodja o sacerdote, guarda dos velhos costumes, conserva o jus primae noctis). Os sentimentos doces, benévolos, conciliadores, compassivos, mais tarde vieram a ser os «valores por excelência»; por muito tempo se atraiu o desprezo e se envergonhava cada qual da brandura, como agora da dureza. 
A submissão ao direito: oh! que revolução de consciência em todas as raças aristocráticas quando tiveram de renunciar à vingança para se submeterem ao direito! O «direito» foi por muito tempo um vetitum, uma inovação, um crime; foi instituído com violência e opróbio.
Cada passo que o homem deu sobre a Terra custou-lhe muitos suplícios intelectuais e corporais; tudo passou adiante e atrasou todo o movimento, em troca teve inumeráveis mártires; por estranho que isto hoje nos pareça, já o demonstrei na Aurora, aforismo 18: «Nada custou mais caro do que esta migalha de razão e de liberdade, que hoje nos envaidece». Esta mesma vaidade nos impede de considerar os períodos imensos da «moralização dos costumes» que precederam a história capital e foram a verdadeira história, a história capital e decisiva que fixou o carácter da humanidade. Então a dor passava por virtude, a vingança por virtude, a renúncia da razão por virtude, e o bem-estar passivo por perigo, o desejo de saber por perigo, a paz por perigo, a misericórdia por opróbio, o trabalho por vergonha, a demência por coisa divina, a conversão por imoralidade e a corrupção por coisa excelente. 

Friedrich Nietzsche, in 'A Genealogia da Moral'



terça-feira, 24 de abril de 2012

Revolução do 25 de Abril pode ser revivida passo a passo pelo Facebook





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DIRECTOR: PEDRO CURVELO
terça-feira, 24 de Abril de 2012

Recordar a "Revolução dos Cravos", passo a passo, como se estivesse a acontecer hoje, é uma iniciativa que a Universidade de Coimbra (UC) vai pôr em prática durante 24 horas, convidando os cidadãos a acompanhá-la pela rede social "facebook".

A iniciativa "De 24 para 25 de Abril - emissão histórica em direto" inicia-se às 22 horas do dia 24 e prolonga-se até à noite de 25, e quem quiser acompanhá-la apenas terá de se conectar no endereço https://www.facebook.com/cd25a, do Centro de Documentação 25 de Abril da UC.
"No fundo é pegar na ideia mais ou menos conhecida da iniciativa do Orson Welles com a guerra dos mundos. No caso do Orson Welles, foi recriada uma chegada à terra dos marcianos, no nosso caso é uma tentativa de recuperar o tempo e colocar [no 'facebook'], como se estivesse a acontecer, um conjunto de factos que já foram vividos há 38 anos", explicou à agência Lusa o responsável daquele centro.
Segundo Rui Bebiano, com esta iniciativa pretendeu-se "fazer diferente" da "forma ritualizada" de evocação da revolução democrática de 1974, que "muitas vezes já não é compreendido pelas pessoas mais jovens".
Utilizando o acervo disponível no Centro de Documentação 25 de Abril, os cidadãos vão poder acompanhar a revolução à imagem do que se viveu nos seus bastidores, podendo ter acesso aos planos militares, documentos, fotos, sons e vídeos.
"Vão ser 24 horas muito preenchidas. Várias vezes em cada hora, teremos sempre factos, acontecimento e episódios a contar", afirma Rui Bebiano.
Com base no registo militar das operações no Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas (MFA), propõe-se uma viagem no tempo - em tempo real - através da publicação dos registos de informação provenientes das chamadas telefónicas escutadas e recebidas através do sistema de comunicações instalado no Posto de Comando do Movimento, explicam os promotores.
A iniciativa começa às 22 horas de dia 24 de abril, altura em que, há 38 anos, os seis oficiais já estavam no Regimento de Engenharia 1 no Quartel da Pontinha onde, desde a véspera, fora clandestinamente preparado o Posto de Comando do Movimento.
Tanto conversas intercetadas nas redes militares usadas pelas unidades afetas ao regime, como as conversas telefónicas efetuadas pelas unidades envolvidas no MFA, bem como os vários momentos marcantes desse dia serão divulgados, ao longo de 24 horas, numa cronologia em tempo real.
A principal fonte usada é o documento de 52 páginas que Lopes Pires, um dos oficiais presentes, confiou ao Centro de Documentação 25 de Abril. Desse documento e de uma entrevista coletiva aos "capitães" Amadeu Garcia dos Santos, Hugo dos Santos, José Eduardo Sanches Osório, Nuno Fisher Lopes Pires, Otelo Saraiva de Carvalho e Vítor Crespo, resultou o livro "A Fita do Tempo da Revolução, A noite que mudou Portugal".
Para Rui Bebiano, esta iniciativa visa ainda alargar o número das pessoas que se possam interessar pelas atividades do Centro de Documentação 25 de Abril e, numa altura de crise, evidenciar que em qualquer situação histórica, de forma coletiva, é possível resolver as dificuldades.


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quarta-feira, 18 de abril de 2012

A igreja e o protesto...

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…as ruínas do Partenon representam o maior símbolo da democracia moderna.




A igreja e o protesto

Por BAPTISTA-BASTOS
Diário de Noticias - 18-04-2012


A desagregação da democracia portuguesa está em marcha, e não me parece que haja grande sobressalto cívico. Cada vez ficamos mais pobres, e não só na razão da subsistência. Os intelectuais abandonaram a força propulsora que os distinguiu e caracterizou como referência moral, cedendo a uma série de intermediações que os bajula, e afasta do seu papel fundamental.
A Igreja Católica (talvez alertada por perder prosélitos) dá tímidos sinais de que esta política conduz a uma forma cruel de desapropriação e cria formas assustadoras de dependência. Uma carta da pastoral do Ensino ao ministro Nuno Crato (ex-militante da extrema-esquerda, fascinado pelas sereias do "mercado") adverte que, por este caminho, só os filhos dos ricos poderão aceder aos estudos universitários. Entretanto, por dificuldades de toda a ordem, seis mil alunos do Superior abandonaram as aulas.
O Governo de Passos Coelho, em dez meses, criou a desmesura obscena de uma desigualdade a qual não passa de derivação perversa de outra, das muitas expressões do fascismo. Não tenhamos medo das palavras. A democracia de superfície, ou a deformação do próprio conceito, tornou-se numa banalidade que não vejo analisada pelos historiadores e sociólogos portugueses.
A inocência corrompida da Igreja, sacudida pela necessidade de cuidar das coisas terrenas, resultou, por tardia, no abandono de milhões dos seus crentes. A especificidade contemporânea do mal alastrou-se com o advento do neoliberalismo e na transformação do trabalhador num mero objecto destinado a obter o rendimento máximo. Frequentemente, a Igreja cedeu a vez e calou a voz, sem qualquer outra consideração que não fosse a "defesa do sagrado", em detrimento do factor humano. Este documento agora dirigido ao ministro Crato surge depois de protestos de professores, de pais e de responsáveis de educação terem expresso um generalizado descontentamento.
Não se trata de paradoxos éticos do "mercado." O que nos está a atingir, a sufocar e a empobrecer é um programa ideológico muito bem pensado e organizado, que tem conseguido fascinar as suas próprias vítimas. Quando o prof. Medina Carreira chama a atenção pela qualidade da manipulação a que somos submetidos, consideram-no "catastrofista"; mas a verdade é que ele se tornou praticamente no único a desmontar a armadilha montada contra nós.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Escola da 3ª Classe – Praça do Peixe

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Escola da 3ª Classe – Praça 5 de Outubro


No segundo edifício, a contar do lado direito, no 1º andar e janela do lado direito, foi o local onde frequentei a 3ª Classe. Recordo-me que foi com uma Professora, mas esqueci por completo o nome da senhora.

O único facto, passado na escola, referente a esta época e que me recorda são umas célebres aulas de trabalhos manuais com barro das quais siamos todos sujos por atiramos com o barro uns aos outros… mas a olaria perto da escola onde íamos buscar o barro tem para mim, o recordar ter conhecido o dono, o pai do Padre António Emílio, um homem que pelo seu trato me ficou na memória,

O prédio, tinha no outro topo da Praça o Cine – Teatro Pinheiro Chagas, e o ambiente que vêm na fotografia, o mercado do peixe povoado pelos vendedores e compradores, é o que via quando passava para Escola.


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terça-feira, 3 de abril de 2012

Escola da 1ª e 2ª Classe…

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Escola Primária junto à Policia de Trânsito


- Fiz uma pré-primaria até aos sete anos de idade, mais ou menos frente ao ERO edifício prédio do Crespo, davam aulas duas Professoras Primárias particulares, a D. Rosa e a sua filha Alicinha, onde fiz uma pré-primaria até aos sete anos de idade.
- O passar para a escola pública tem a ver com a educação paterna, pois os “meninos” da Cidade que iam para o ERO estudavam com elas até à 4ª Classe..
-A 1ª Escola Primária que frequento é junto à Policia de Trânsito, em frente ao portão Parque que dava acesso ao pinhal. Aqui, com o Professor Lalanda, fiz a 1ª e 2ª Classe.
Recordo o professor como uma homem exigente que gostava que os seus alunos estivessem sempre prontos a responder à matéria dada mas nada amigo de dar castigos.
- Umas Férias que não contava ter, por falecimento do Presidente da Republica (Marechal Carmona) e ver pintado numa parede o nome de Norton de Matos, são factos que hoje me dizem em que ano estava.


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