….«Felipe lembrou-se da história do Rei do Oriente que, desejando conhecer a história da humanidade, recebeu de um sábio quinhentos volumes; ocupado com negócios de Estado, pediu-lhe que a condensasse. Ao cabo de vinte anos, o sábio voltou e a sua história ocupava agora apenas cinquenta volumes; mas o rei, já velho demais para ler tantos livros volumosos, pediu-lhe que a fosse abreviar mais uma vez. Passaram-se de novo vinte anos, e o sábio, velho e encanecido, trouxe um único volume com os conhecimentos que o rei procurara; este, porém, estava deitado no seu leito de morte, nem tinha mais tempo de ler sequer aquilo. Aí o sábio deu-lhe a história da humanidade numa única linha: "Nasceram, sofreram, morreram".»
Somerset Maugham, in "A Servidão Humana"
1492 - Conquest of Paradise (Vangelis)
2 comentários:
Sábia estória de um livro que, curiosamente, foi citado como influente pela geração de 60 no Blog dos Ex-ERO.
Somerset Maugham é hoje um autor um pouco esquecido.
Andei anos a fio a referir esta história exemplar sem me recordar da fonte em que a tinha bebido. Agora, inesperadamente, recordo-me de tê-la lido há cerca de quarenta anos no romance que mais me marcou em toda a vida. A minha relação com a literatura situa-se, obrigatoriamente, entre o antes e o depois de ter aberto pela primeira e única vez «A Servidão Humana» do Somerset Maugham. Um dia destes, vou revisitar os livros que mais me marcaram ao longo dos tempos. Acho que mereço…
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