Entre alguns hábitos nossos que mudam, um deles é o ponto de encontro antes de ir para as aulas, depois de almoço.
O Café Bocage ficava-nos em caminho, e a sua montra era um ponto de observação, já
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nesse tempo usado pela rapaziada da Escola Comercial e Industrial , o Rodolfo, o Leiria, o Clóvis, o Malhoa, o Amadeu, aos quais se foram juntar o Rainho, o Zé Carlos Nogueira, o João Calheiros Viegas e eu, do ERO; e é provável que me faltem alguns nomes.
Esta rapaziada tem toda uma coisa em comum, a idade, andam entre os 17 e 18 anos , uns são repetentes outros não, mas estão para acabar os Cursos da Escola ou do ERO e eram já bastante unidos pelo companheirismo e amizade.
Se vos disser que este local de reunião tinha como principal objectivo observar a passagem das raparigas tanto da Escola como do ERO não vos minto, o tempo de reunião era pouco, devido aos horários das aulas, mas ainda dava para fazermos das nossas – como quando entrava no Café o bufo da PIDE e Fiscal das Licenças de Isqueiro, conhecido por a alcunha do Miau, a malta começar a imitar um gato a miar e assanhado, era vê-lo sair porta fora…
Muita coisa se passou na naquele ponto de encontro, ali conhecemos o Montez e a D. Corália, sua esposa. Começámos a beber a ginja em casa deles, em Óbidos e depois mudámos para o bar que ele abriu, o "Ibn Errick Rex.
João Ramos Franco
Comentarios:
Artur Henrique Ribeiro Gonçalves disse:
A janela do café Bocage é ampla do tamanho de uma montra que se deixa ver por quem passa e ponto de observação estratégico para quem fica a olhar os que passam. Vantagens de quem quer contemplar a vida sentado à mesa de um café central co...m nome de poeta boémio e protagonista de histórias que os outros inventaram a seu respeito. A poética dos sentidos, todavia, fica empobrecida neste espaço de aromas quentes e cavaqueiras escaldantes. É que entre o interior e exterior do botequim de esquina há uma espessa vidraça que impede uma comunicação profícua entre quem esguarda e é esguardado. Nesse início de década de 60 de finais do 2.º milénio, era muito difícil ultrapassar os limites convencionais da linguagem dos olhares...
2 comentários:
Mais um post que é resultado da colaboração entre o Estar Presente e o Blog do Externato Ramalho Ortigão.
Desta vez a atenção está no Café/Restaurante Bocage aqui bem ilustrado por uma fotografia fantástica, suponho que dos anos 50.
Obrigado João, pela tua colaboração e constante apoio. Abraço. JJ
E quando não era dentro do café era na esquina... :)))
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