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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Lembrar ou Recordar…


Pelo 4º ano consecutivo organiza-se um jantar que reúne amigos que estão ligados à Foz do Arelho. Todos se encontram nesta altura. O evento é apoiado por vários Blogs da região, incluindo o Estar Presente, e as inscrições (18€ per capita) efectuam-se até dia 5 de Agosto na Audiomanias Av 1º de Maio , 6 - Caldas da Rainha - tel. 262823280.

«A recordação não tem apenas que ser exacta; tem que ser também feliz; é preciso que o aroma do vivido esteja preservado, antes de selar-se a garrafa da recordação. Tal como a uva não deve ser pisada em qualquer altura, tal como o tempo que faz no momento de esmagá-la tem grande influência no vinho, também o que foi vivido não está em qualquer momento ou em qualquer circunstância pronto para ser recordado ou pronto para dar entrada na interioridade da recordação.
Recordar não é de modo algum o mesmo que lembrar. Por exemplo, alguém pode lembrar-se muito bem de um acontecimento, até ao mais ínfimo pormenor, sem contudo dele ter propriamente recordação. A memória é apenas uma condição transitória. Por intermédio da memória o vivido apresenta-se à consagração da recordação.

A diferença é reconhecível logo nas diferentes idades da vida. O ancião perde a memória, que aliás é a primeira capacidade a perder-se. Contudo, o ancião tem em si algo de poético; de acordo com a representação popular ele é profeta, é divinamente inspirado. A recordação é afinal também a sua melhor força, a sua consolação: consola-o com esse alcance da visão poética.

A infância, pelo contrário, possui em grau elevado a memória e a facilidade de apreensão, mas não tem o dom da recordação. Em vez de dizer-se «a idade não esquece o que a juventude aprende», poder-se-ia talvez dizer: «o que a criança retém na memória, recorda-se o ancião». Os óculos do velho são feitos para ver ao perto. Se na juventude é preciso usar óculos, as lentes servem para ver ao longe, pois que à juventude falta a força da recordação, que consiste em afastar, em pôr à distância. Mas a recordação feliz da velhice tanto quanto a feliz capacidade de apreensão da criança são dom da natureza, uma graça que concede a sua preferência aos dois períodos mais desprotegidos da vida, que contudo, em certo sentido, são também os mais felizes. Mas é também por isso que a recordação, tal como a memória, é por vezes apenas detentora de casualidades.»

Soren Kierkegaard in 'In Vino Veritas'



1 comentário:

J J disse...

Submarino Amarelo said...

A organização agradece a todos os blogues que aderiram a esta iniciativa e promoveram a sua divulgação.

O Inatel é um espaço agradável com uma visão magnífica sobre a Lagoa, estão criadas todas as condições para uma calorosa noite de convívio.

Inscrevam-se!