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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

domingo, 25 de janeiro de 2009

Aventuras e desventuras de estudantes do ERO

De S. Pedro de Muel ás Caldas da Rainha

Isabel X deixou um novo comentário na sua mensagem "PERSONALIDADES (1)":
Espero que o João Ramos Franco conte as peripécias desses dois
dias no seu blog! É um desafio...

- Entrei para os Escuteiros quando estava no 1º ano do ERO.
- Manhã, portão para a Mata por trás da Igreja de Nossa Senhora Populo, estavam presentes os meus Pais, o Padre António Emílio. O Dr. Calheiros Viegas e a Papi (minha madrinha neste acto) e um grupo de Escuteiros, depois meia dúzia de palavras que tinha de dizer e que faziam parte do “ritual” lá passei a pertencer ao agrupamento. Desde já vos digo que no lenço em volta do pescoço só tive um nó, cada nó a mais era de bom comportamento e nunca contribui para tal.

- Verão de 1959, o Dr. Calheiros Viegas (muito satisfeito) comunica que nos seus contactos com os Eclaireurs de France, tinha conseguido que o nosso agrupamento de Escuteiros participasse num acampamento comum, de 6 dias, em S. Pedro de Muel. O nosso encontro estava marcado para o Parque das Caldas e depois seguíamos juntos para o destino.
Estava tudo a correr bem até à chegada dos Eclaireurs de France.
Do autocarro que os trazia pára frente ao Portão do Parque junto ao Casino, nós bem alinhados para os receber, começam a sair, e qual o nosso espanto, não eram eles, eram elas!...
- O acampamento iria ser muito melhor, mas o Código dos Escuteiros junto com a Religião e Moral, estavam em queda livre…
- Apesar da pancada na cabeça que os menos liberais tinham levado conseguimos comportar-nos como vem nos manuais e receber os amigos/as Franceses/as, apesar de nos terem cumprimentado naturalmente com um beijo, o qual não estávamos habituados… (já me esquecia, havia quatro homens que chefiavam o grupo)
- Os cumprimentos da “praxe” terminados e entrámos para o nosso autocarro, rumo a S. Pedro Muel.

- Acampamento montado, os dias iam decorrendo normalmente, eu, o Zé Maria Sales Henriques, o José Saudade e Silva e o Edgar, com atenção aos olhares e reacções das miúdas para com cada um de nós, íamos vendo se havia a possibilidade de um “flirt” …

- E não é que aconteceu mesmo… Durante o dia, era como se nada se passa-se entre nós e elas, não era bem por causa do Dr. Calheiros Viegas (ele fingia que não via), mas os chefes de grupo delas imponham-lhes a disciplina do manual dos Escuteiros com a Religião e Moral agarrada e qualquer “pé em ramo verde era um perigo”. Esperávamos pela noite, e após as canções em torno da fogueira e outros divertimentos em comum, os nossos corações saltavam e vagueavam pelo amor que só a juventude vê e percebe…

- Na última noite de acampamento, a separação ia criar feridas, (aquelas que os nossos amores de jovens deixam), naquele passeio final após o recolher, fomos até á praia, chorar as nossas mágoas de despedida…

- No regresso, madrugada alta, dá-se o descuido que levou a não regressarmos com o Dr. Calheiros Viegas, um pontapé na espia de uma barraca provoca o acordar do acampamento, a confusão instala-se e nós não tivemos outro recurso, senão fugirmos para não pôr em causa o bom nome das nossas amadas…

- Manhã seguinte não aparecemos, estávamos a “esquecer” o desgosto numa tasca da praia, quando reparámos nas horas, era tarde e o autocarro já tinha partido para Caldas.

- Nesse dia ainda conseguimos chegar á Nazaré, mas como não tínhamos dinheiro para a camioneta, esperámos junto ao posto da Policia de Viação, e de manhã lá conseguimos boleia numa camioneta levava peixe para as Caldas.

João Ramos Franco

3 comentários:

Anónimo disse...

Bem fiz eu em desafiar o João Ramos Franco a contar-nos esta história! Além de ser em si mesma muito engraçada e estar contada de um modo muito vivo, demonstra de modo muito interessante a diferença de mentalidades entre portugeses e francesas naquele tempo, embora todos com os mesmos entusiasmos juvenis, e a diferença de mentalidades entre aquela época e a de agora. Eu bem me parecia que esta história prometia... Eram frescos o João Ramos Franco e os seus amigos! E os vossos pais, como é que reagiram ao vosso desaparecimento? Obrigada.
- Isabel X -

J J disse...

O João R F tem vindo a escrever as suas memórias de forma cada vez mais solta e fluida, transformando as suas aventuras em divertidos contos. Dá assim razão a todos os seus amigos, principalmente o JBSerra, que o entusiasmaram a abrir este espaço.
O Blog do Externato Ramalho Ortigão continuará a divulgar, como faz neste momento, todos os posts do Estar Presente que com ele se relacionem.
Um abraço.
João Jales

J L Reboleira Alexandre disse...

Afinal agora somos quase da mesma idade e até ligados à mesma área. Como se diz por aqui: we sell dreams!
Quanto à história, era mesmo assim. Com o João Franco passou-se nos escuteiros, com outros, como nós e um pouquinho mais novos (a tal diferença de idade de há 40 anos) era no areal entre Salir e São Martinho. O idioma a falar era o mesmo, os cúmplices ou testemunhas eram da nossa idade.

Á pergunta no comentário da Isabel X, eu respondo: os nossos (meus pelo menos)pais não sabiam de nada. Outros tempos em que se saìa de casa depois do almoço sem telemóvel, e se voltava de novo ao fim da tarde. Autres temps quoi !

Zé Luis