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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O João Ramos Franco é o João (Traga Balas)
















João Ramos Franco 1960


A necessidade de voltar atrás, ver aquilo foi escrito e o que escrevi é necessária… e esclarecer a personagem do João (Traga Balas) que vos poderá aparecer, também…

Retirado do DEPOIMENTO DE JOSÉ CARLOS NOGUEIRA
Publicado no Blog do ERO.

3º- De repente temos 16 anos, somos envolvidos pelo Elvis e pelo Rock and Roll, e descobrimos que nos portávamos tal e qual como a juventude no “Sementes de Violência”….Fumávamos às escondidas dos nossos Pais, mas em frente das miúdas. Primeiro queimámos a barba de milho, depois caímos directamente no mata-ratos, evoluindo daí para a droga mais pura ao nosso alcance: os Definitivos, cigarros estreitos e já feitos, que tinham o condão de mascarar a nossa falta de jeito para enrolar cigarros. Descobrimos os bailes, no Casino no Verão, os assaltos no Carnaval efectuados a casas respeitadas, como a da D.Maria da Graça ou a casa do Toni Vieira Pereira, ou organizados por nós na Esplanada do Parque, onde se assistiram a cenas Shakespearianas de amores não correspondidos que levavam o herói a tentar suicidar-se, fechando-se no frigorífico enorme que havia no café. Era resgatado no último minuto pelo 112 da altura que era uma garrafa de bagaço (convenhamos o homem estava hipotérmico). Nos próprios dias de Carnaval havia bailes no Casino, no Lisbonense e, para os mais esclarecidos, nos Bombeiros.

Moda que perdurou pelos anos 50 até meados dos anos 60. Esta geração, que chegou com tanta facilidade aos anos 60, foi a mesma que chegou a Angola, Moçambique, Guiné, Timor, tendo levado para essas longínquas paragens os usos e costumes do Burgo Caldense: jogo do ringue, bilhar, poker, lerpa, montinho, sete e meio, etc. Levaram também amor, expresso nas coladeras e rebentas, e amizade profunda pelos nativos, estabelecendo novas regras de comércio que depois se veio a tornar naquilo que agora chamamos globalização: tirava-se dos armazéns da tropa e vendia-se às gentes necessitadas.

A história talvez seja melhor ficar por aqui, penso que dei um contributo generoso dos hábitos da minha juventude lembrando heróis inesquecíveis, Jorge, Tó, Tony, Asdrúbal, Abílio, Hélder, o inefável Rainho, Tinico, Artur Capristano, o Varela, o Figueiredo, o João (Traga-Balas), o João conhecido pelo João Pifão, o Honório Vaca Mansa, Cipriano o Caseiro, Morais Grandalhão, os craques Moura e Cardoso, Rui Importante, Rui Cospe Cospe, o Gang (Pedro, Xico, Samagaio e Pereirinha), o Quintas, o Lacrau, o Macela (campeão de Xadrez), o Rui da Cristina e tantos outros que não andaram no Colégio, mas foram compagnons de route de todas as personagens desta história. Por vontade própria omito os nomes das nossas colegas heroínas, pois passam por mim todos os dias na rua.
Bem hajam e lembrem-se do velho grito:

É jacaré? Não é.

É tubarão? Também não.

Então o que é? RAMALHO ORTIGÃO
.
José Carlos Nogueira


João Ramos Franco disse:
Quem era o João (Traga Balas)
O José Carlos Nogueira colocando-me entre “heróis”e companheiros do ERO, deu-vos a nossa época de estudantes e os locais que mais frequentávamos.
Locais que frequentava, para além dos mencionados pelo JCN.
Tascas: A mercearia do Manuel, (junto ao Colégio, ainda no tempo do Dr. Perpétua), Adega da Ginjinha, A Viúva (Cova da Onça) e O Caseta (estrada de Tornada;
Bar do Casino: O Barbeiro do Casino (garrafas Brandy L34, lá escondidas antes dos bailes;
Desporto: Caça aos Pardais à noite, Tarzan da Quinta da Boneca, as corridas loucas de bicicleta no Parque e os “combates” de barco no Lago;
Quartel do Parque: exploração das instalações abandonadas e tomada do Paiol para nosso centro de divertimento (nem queiram saber o que isto deu);
Foz do Arelho: Acampamentos no Gronho (as galinhas das moradias desapareciam).
E há mais, deixem-me recordar.
Mas o João (Traga Balas) ainda tem algumas aventuras a contar-vos, até o porquê do Traga Balas. Aos “heróis” do JCN mas também aos que estudaram no ERO e na Escola Comercial e Industrial por agora fiquem esta citação (desse tempo ficámos com isto):
"Aprendes que as verdadeiras amizades continuam a crescer o que importa não é o que tens na vida mas quem tens na vida. E que bons amigos são a família que nos permitem escolher. Aprendes que não temos de mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam, percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos." William Shakespeare
Até breve, com uma aventura do Traga Balas
João Ramos Franco



A primeira história do João (Traga Balas)

Retirado do Os Locais do João Ramos Franco
Publicado no Blog do ERO

A Tasca/Mercearia do “Manuel”


A entrada para ERO -1953

Ao virar da esquina, vindo da rua do Café dos Capristanos, andando uns metros na Rua Capitão Filipe de Sousa, aí estava a Tasca do “Manuel”, ponto de referência para os rapazes que iam enfrentar o ERO no seu 1º ano de época de vida de estudante.

Nos 1º e 2º anos era espreitar e andar, se estivessem lá os mais velhos, que não nos deixavam entrar. Mas quando eles não estavam, entrávamos para comprar os rebuçados com os jogadores de bola. Eu tinha sorte, já me tinha saído uma bola quando andava na Escola da Praça do Peixe.

Nos primeiros anos éramos praxados pelos mais velhos. Eu gozava de uma certa protecção dos meus primos Calisto, Asdrúbal, Diamantino e Jorge, e do meu irmão Rui, a qual foi bastante útil para me salvar algumas praxes. Também tive ajuda dos Professores nesta primeira etapa.

Recordar todos os que entraram comigo é difícil mas aqui ficam alguns: João Calheiros, Samagaio, Adalberto, Edgar, João Gama, José Maria Sales, Pedro Albuquerque, José Saudade e Silva, os que faltam que me desculpem.

Já estava no 2º ano e, no Carnaval, nas escadas estreitas que ligavam o Pátio do Colégio à rua, era banho certo com a mangueira de água da Garagem Caldas. Ninguém escapava, pensámos nós, até vermos o Jorge Sales passar por cima da malta e aterrar com os pés no vidro da frente de um carro que vinha a passar. Ainda bem que este acidente não deu para o azar.

Muitas brincadeiras vi que me ficaram na memória. Talvez o saltar de guarda-chuva aberto (como se fosse pára-quedas) para o Pátio de cimento do recreio (2,5 /3m), e o frasco do ácido sulfídrico destapado (cheira a ovos podres) sejam as lembranças mais fortes. O cheiro do ácido era tão intenso que tiveram de mandar a malta toda para o recreio até o cheiro passar.

Passei no exame do 2º (em Leiria). Em Outubro e aí estava eu em mais uma etapa, o 3º Ano. Os mais velhos comemoravam a nossa entrada neste ciclo, dando-nos a regalia de poder acompanhar com eles. Significava vida mais aberta.

Para nós a Tasca do Manuel começava aqui, uma ginjinha ou um eduardinho e um cigarro era o baptismo de entrada no grupo dos mais velhos.

A partir de então era para lá que íamos quando tínhamos um intervalo mais prolongado, era o sítio onde combinávamos o que fazer depois das aulas.

Normalmente depois de beber e fumar o cigarrito, dizíamos para Manuel: “assenta aí, que depois pago”. E ele apontava na parede por debaixo do nome.

Um dia, antes de ir para férias, ouço um dos mais velhos pedir uma rodada para malta e depois dizer: “Manuel agora que vais estar sem nós, tens mais tempo, não te esqueças de caiar a parede”.

João Ramos Franco
(João Traga Balas)

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