Hat Man
-
Esta foto foi finalista e acabou de ser premiada agora com uma medalha de
ouro no Paris International Street Photography Awards 2024 photo contest.
terça-feira, 31 de março de 2009
Georges moustaki- Sans la nommer
Os anos passam, e o que nos vai na mente são recordações
Estas recordações não são gratas, mas vivi-as, vêm-me à mente em momentos, como quando li o teu blog, http://correntes.blogs.sapo.pt/242062.html, elas merecem estar vivas, para que não se repitam
Publicada por
João Ramos Franco
Buster Keaton - Pampelinas
A sua genialidade e capacidade criativa é marcante e fica evidente nos seus filmes onde o humor aparece de forma simples e directa, mas sem a critica social que leva Charlie Chaplin, ao exilio por ser perseguido como comunista. Charlie Chapin baseia o seu humor na critica social, enquanto Buster Keaton retrata o dia a dia mesma sociedade com palhaçadas.
Eu retiro "o segundo", ao Cantiflas. Irei pôr ao critério dos comentadores o lugar cada actor ou actriz, de 1º, 2º, etc.
Na realidade no cinema a preto e branco ainda tenho bastantes para tentar retratar, mas o meu gosto irá sempre para a mensagem humanista da sociedade… Rir de coisas sérias…
João Ramos Franco
Buster Keaton, nome artístico de Joseph Frank Keaton Jr., (Piqua, 4 de Outubro de 1895 - Woodland Hills, 1 de Fevereiro, 1966), foi um ator e diretor americano de comédias mudas, considerado o grande rival de Charlie Chaplin.
Nascido no mundo do vaudeville, (mistura de teatro e circo muito popular nos Estados Unidos) em fins do século XIX, Keaton começou sua carreira artística participando de um número com seus pais chamado Os três Keatons onde a grande piada era como disciplinar uma criança mal-educada. Depois de algum tempo fazendo pontas em filmes, em 1920 Buster começou a dirigir seus primeiros curtas.
O humor nos filmes de Buster Keaton, basicamente, se fazia através das chamadas gags; corridas, quedas, fugas. Uma das grandes inovações de Keaton, no entanto, é o fato de sua comédia se basear num personagem impassível, que mantém as mesmas feições diante dos fatos ocorridos. Isso explica os apelidos dados a ele pelos críticos; O Grande cara de pedra e O homem que nunca ri. Keaton percebeu que ao não modificar sua expressão, o espectador projetaria suas aspirações sentimentais, sensoriais e morais.
(Fonte: Wikipédia
The Great Buster Keaton
BUSTER KEATON The GENERAL
Publicada por
João Ramos Franco
segunda-feira, 30 de março de 2009
«Cantiflas» MARIO MORENO
Celebra-se o aniversário da Morte de «Cantiflas»
Faz catorze anos, que morreu o célebre humorista e cómico mexicano Mario Moreno, imortalizado na década de sessenta nos cinemas de todo o mundo.
O actor que fez rir imensa gente por esse mundo fora morreu em 1997 e na altura tinha 81 anos de idade. Foi o segundo maior cómico a seguir a famoso inimitável Charlie Chaplin mais conhecido por Charlot.
El Bolero de Raquel (1957) Mario Cantinflas & Elaine Bruce
Cantinflas dirige una Orquesta - Si yo fuera diputado
Jose Alfredo Jimenez - El Hijo Del Pueblo
Publicada por
João Ramos Franco
domingo, 29 de março de 2009
O Ultimo Cuplê
sara montiel - nena
Sara Montiel - El ultimo cuple - El relicário
Neste filme, o que mais gosto são as canções e a musica, (gosto que talvez seja da minha geração). Mas há uma coisa que recordo quando o filme passou no Salão Ibéria, parece-me que nunca vi tantas raparigas a chorar no ombro dos namorados!...
Sara Montiel (conhecida na Espanha como Sarita Montiel) teve destaque em Hollywood; manteve certa amizade com personalidades muito importantes do cinema, como Marlon Brando, James Dean, ou a filha de Alfred Hitchcock. Uma fotografia que Sara fez com Dean, é a última que se conhece do mito de Juventude Transviada. Foi com esta mesma foto que se anunciou a morte de James Dean num acidente de carro por todo o mundo.
Ainda que tivesse projectos para realizar outro filme como The American ou Burning Hills, um deles junto a Paul Newman, o destino deu outro rumo a sua carreira e desde então diminuiu suas actuações em Hollywood.
Depois de uma férias, rodou na Espanha um filme de baixo orçamento sob as ordens de Juan de Orduña, que realizou mais por amizade e gratidão que por dinheiro: El Ultimo Cuplé. Ainda assim o filme fez um sucesso imenso de bilheteira, e fez de Montiel uma das artistas mais requisitadas do mundo. Como consequência, firmou um contrato milionário para realizar filmes de produções europeias (hispano –francesas -italianas) que fizeram dela a maior actriz de fala hispânica da década de 50-60. Depois de El Ultimo Cuplé seguiram La Violetera, Carmen la de Ronda, Mi último tango, Pecado de Amor, La bella Lola, La dama de Beirut, La reina del Chantecler, Noches de Casablanca, La mujer perdida, Varietés e Cinco almohadas para una noche.
Publicada por
João Ramos Franco
sábado, 28 de março de 2009
Charles Chaplin Luzes da Ribalta - Limelight – 1952
Charlot(Desenhado por João Ramos Franco)
charles chaplin limelight soundtrack candilejas
…………."Só há duas maneiras de ter razão" escreveu algures Fernando Pessoa. "Uma é calarmo-nos, a outra, contradizermo-nos". Para Chaplin, cujo problema maior, nos anos dificílimos que foram da estreia de Verdoux (1947) à de Limelight (1952) era ter razão, ou que a sua razão lhe fosse reconhecida, calar-se não era solução, antes era dar razão aos adversários. Só lhe restava contradizer-se. Ou seja, abandonar o anarquismo e o pessimismo que o seu último personagem arvorara e regressar a outra vertente do seu génio: o melodramatismo. Um grande melodrama com todos os ingredientes do mito chaplinesco e que voltasse a dar a ver o Vagabundo (e a dá-lo a ver sob luz total) deve ter-lhe parecido o melhor meio de reconciliar tudo e todos com ele próprio, de se fazer "perdoar" e de se voltar a fazer aceitar……….
………Aliás, Chaplin convocou para esta obra não só inúmeros fantasmas do passado (o número das pulgas era um dos seus números favoritos, que, ao menos desde The Circus, sempre tinha querido meter num filme) como os fantasmas do presente. E lá estão, na primeira sequência (miúdos da rua) Geraldine, Michael e Josephine Chaplin, os três filhos mais velhos do seu casamento com Oona. A própria Oona dobrou, em duas sequências, Claire Bloom.
Mas o maior dos espectros deste filme é, sem dúvida, Buster Keaton. À época quase esquecido, aquele que, hoje, muitos consideram ter sido autor e actor de génio superior ao de Chaplin, foi convocado para esse genial número musical que é, simultaneamente, apogeu do "slapstick" e máxima homenagem a ele. E é difícil não reconhecer que, na sua famosa cena com as pautas, quase rouba o número a Chaplin, da primeira e única vez em que este aceitou contracenar com um grande cómico (Jack Oakie e Martha Raye, respectivamente em O Ditador e Verdoux, também o foram, mas pertenciam a outra família e outras tradições).
LIMELlGHT é um filme concebido em função desse "clou": a glória do "slapstick" (o número das pulgas, o violinista embruxado, a queda no tambor) e o triunfo do grande cómico coincidindo com a sua morte. Calvero morre no palco, olhando a sua última criação (Claire Bloom) que dança circularmente, refazendo o eterno retomo. Com ele, e nessa figura circular tão cara a Chaplin, "the show goes on", na melhor tradição do " Limelight ".
É o fim perfeito, para o perfeito melodrama e Chaplin não descurou um elemento para essa apoteose: o seu hino à vida, junto a Claire Bloom; a cena em que esta volta a andar; o tema da Colombina e de Arlequim; a reflexão sobre a arte como vaidade do mundo e glória do mundo. Tudo, neste filme, aponta para o perfeito testamento e sabe-se que Chaplin o concebeu como tal, sempre julgando — e dizendo — que se tratava do seu último filme.
Se o não foi, continua a ser o filme mais recapituIatório de toda a sua carreira, aquele que mais exemplarmente reflecte o seu credo artístico e o seu credo humano. De todas as suas máscaras, mais ainda do que Charlot, Calvero é a suma representação de Chaplin, na sua grandeza e no seu lado "humano, demasiado humano".
Aos 63 anos, acusado por todos os lados, mais controverso do que nunca, Chaplin legou ao mundo, através do mais exacerbado melodramatismo (sustentado pela celebérrima música deste filme e pelo seu celebérrimo tema) a coreografia exacta das suas crenças e dúvidas, da sua arte e do lugar que nela assumiu.
Mas se com Limelight voltaram todas as apoteoses (as estreias célebres de Londres, Paris ou Roma com "toda a Europa" aos pés dele) só não voltou o que ele mais teria tentado: a reconciliação com o público americano. Já a bordo do Queen Elisabeth para uma estreia que sempre quis londrina (em homenagem à sua cidade natal) Chaplin foi secamente informado que se cumprira a ameaça que desde 1948 temia: o governo americano não o deixava voltar e Limelight só vinte anos depois (em 1972) pôde ser visto na América. Em 1952, iniciava-se o "exílio europeu" de Chaplin, que ia viver na Suíça, em Vevey, os últimos 25 anos da sua vida. Se, com Limelight, não terminou a sua obra, com Limelight terminara os 40 anos da sua vida na América. Em 1912, nasceu Charlot. Em 1952, morreu Calvero. Nesses 40 anos cabe um mundo. E é desse modo — e sobre esse mundo — que Limelight é feito. Quando Charlot começou, a publicidade falava de "riso e talvez uma lágrima" (como se diz na epigrafe de The Kid). Limelight inverte a regra. Se nos convida ao riso — em tantos e tão geniais momentos — convida-nos sobretudo às lágrimas. E mesmo quem se recusar à lógica do melodrama, dificilmente verá Limelight de olhar enxuto. Porque em Limelight se exprime (parafraseando Calvero) não sentido da vida, mas desejo da vida. Só quem pôs esse desejo acima de qualquer sentido se pode perfazer na morte no palco, olhando o movimento que o perpetua, e tendo ao seu lado, na profundidade de campo — último velador — o único homem (Buster Keaton) que tanto como ele acreditou na força desse desejo e na capacidade transfiguradora do cinema para o exprimir.
Texto de :JOÃO BÉNARD DA COSTA
Colaboração de :Maria Fernanda - Aveiro
Retirado Site : «Aveiro e Cultura» - Recortes: Cinema - Limelight (Luzes da ...
Para Chaplin, cujo problema maior, nos anos dificilíssimos que foram da estreia de Verdoux (1947) à de Limelight (1952) era ter razão, ou que a sua razão ...
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/recortes/cinema/luzesdaribalta001.htm (25k)
Publicada por
João Ramos Franco
sexta-feira, 27 de março de 2009
O Blog do ERO – e o depoimento MILA MARQUES
A força da amizade que une gerações. É esta a imagem que eu retiro, após ter lido os todos comentários.
Ser Amigo
Quero ser teu amigo
Nem demais e nem de menos
Nem tão longe e nem tão perto
Na medida mais precisa que eu puder
Mas amar-te como próximo, sem medida,
E ficar sempre em tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber
Sem tirar-te a liberdade
Sem jamais te sufocar
Sem forçar a tua vontade
Sem falar quando for a hora de calar
E sem calar quando for a hora de falar
Nem ausente nem presente por demais,
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo,
Mas confesso,
É tão difícil aprender,
Por isso, eu te peço paciência
Vou encher este teu rosto
De alegrias, lembranças!
Dê-me tempo
De acertar nossas distâncias !!!
Por: Fernando Pessoa
l'amitié: Françoise Hardy (fh blues 1966)
Publicada por
João Ramos Franco
quinta-feira, 26 de março de 2009
o "espírito do Blog" ERO de que fala o João Serra
GIL VICENTE Todo O Mundo e Ninguém
António José Lopes, Vasco Henriques, Professor J M Rosa Bruno, José João Caldas Lopes
Telefonou-me há pouco a Mila, grata e comovida pelos inúmeros comentários ao seu texto. Uma colega com setenta anos que se dispõe a escrever tudo isto merece ser incentivada.
É destas reacções, deste diálogo, que nasce o "espírito do Blog" de que fala o João Serra. Obrigado, mais uma vez, por contribuíres para esse espírito.
Abraço
JJ
Após ter lido todos os comentários ao texto da Mila e recebido este email do João Jales, o qual agradeço, ler e reflectir foi uma opção imediata…Seria que relendo algo que falasse de Consciência/mente, encontraria uma resposta?...
A obra de António Damásio é uma das minhas companheiras e O Sentimento de Si, é talvez onde mais gosto de encontrar resposta ao meu reflectir:
…….Neste pano de fundo a minha posição consiste em admitir que o problema da consciência existe, e que não foi ainda esclarecido; que pode ser dividido por partes; que pode haver consenso ou relação a estas partes;…..
……O termo a mente, tal como o utilizo neste livro, engloba operações conscientes e não conscientes. Refere-se a um processo e não a uma coisa. O que nós conhecemos por mente, com a ajuda da consciência, é um fluxo contínuo de padrões mentais, muitos dos quais acabam por estar logicamente inter-relacionados. O fluxo move-se para frente no tempo, depressa ou devagar, ordeira ou sobressaltadamente, e, em certas ocasiões, põe em movimento não apenas uma sequência mas várias. Por vezes, as sequências são concomitantes, por vezes convergentes, por vezes sobrepostas. O termo que costumo usar como sinónimo de padrões é imagens. ….
O Sentimento de Si – António Damásio – pág. 384 – Publicações Europa América
Publicada por
João Ramos Franco
domingo, 22 de março de 2009
Sociedade Cooperativa Padaria do Povo - XADREZ – o meu desporto
Edificio da Sociedade Cooperativa Padaria do Povo
Em 1919, foi fundada, por António Ferreira de Macedo e Bento de Jesus Caraça, a Universidade Popular – começou por ocupar umas salas da Cooperativa A Padaria do Povo. Primeiro foram cedidas e, depois de 1924, passou a ser inquilina da Padaria
Placa de agradecimento ao fundador da Secção de Xadrez
De Jogador a Técnico e Árbitro Federado
O ver o meu pai e o meu avô a jogar Xadrez, cedo me levou a aprender o movimento das peças no Tabuleiro.
Depois, na Cave do Café Central, onde jogadores tais como, o Macela, o Dr. Asdrúbal de Aguiar, o Sr. Girão, etc., foram meus mestres na continuidade, aproveitaram o meu gosto por este desporto e muito me ensinaram.
O Xadrez, tem para mim um lema especial, quanto mais se pensa que se é bom jogador mais próximos estamos de ser derrotados… Mesmo estudando e pondo na prática o que se estuda, o número de probabilidades de dizer que sabemos é muito relativo, calculamos em determinado momento, os nossos lances possíveis e os do adversário, para tentar desvendar o nosso melhor movimento no tabuleiro de Xadrez e quantas vezes não é esse…
Colocando-me perante o que sei, digo-vos que continuo a estudar…
Logo após o 25 de Abril de 1974, a minha actividade politica nas bases de determinado partido, levou-me a pensar meios e modos de aproximação ao povo que não passassem pelo vulgar utilizado nessa época.
Morava eu em Campo de Ourique, precisamente na Rua Luís Derouet.
Sendo vizinho, da Sociedade Cooperativa Padaria do Povo, fiz-me sócio e comecei a frequentar as instalações.
A época era propícia a fazê-la reviver o que tinha sido:
“Bento de Jesus Caraça, talentoso matemático e professor universitário, desde muito cedo que se entregou ao ensino – com apenas 18 anos fez parte do conselho administrativo da Universidade Popular Portuguesa, instalada na Padaria do Povo, no bairro de Campo de Ourique (à Luis Derouet).
Não muito longe, na transversal Rua Coelho da Rocha, o poeta Fernando Pessoa, encostado a uma cómoda, escrevera sobre Caraça: “Ele era um camponês/Que andava preso em liberdade pela cidade”.
Nascida no princípio do século XX, em 1904, por proposta do Rei D. Carlos – os vestígios desta ligação com a realeza ainda hoje existem no relógio e no cofre oferecidos pelo monarca, em exposição no interior da casa –, a Padaria do Povo foi fundada para fabricar pão mais barato às freguesias de Santa Isabel e Campolide (Santo Condestável só seria fundada em 1959).
Mas também, paralelamente, para albergar um espírito vivo de crítica política e difusão cultural, marca da Cooperativa ao longo destes 102 anos.
Em 1919, foi fundada, por António Ferreira de Macedo e Bento de Jesus Caraça, a Universidade Popular – começou por ocupar umas salas da Cooperativa A Padaria do Povo. Primeiro foram cedidas e, depois de 1924, passou a ser inquilina da Padaria.”
Havia vontade dos Sócios mais antigos, mas era necessário mobilizar mais gente e principalmente a juventude. Tudo se conseguiu, a Biblioteca que estava encaixotada no sótão, (devido ao tempo da ditadura), voltou a funcionar, a prática do Ping-Pong (Federado). os bailes, um restaurante/bar e a abertura no rés do chão, onde era a padaria, de um mini/mercado, deu-lhe vida.
Aos serões lá ia encontrando quem jogasse Xadrez e não só matava o meu “vício”, mas a pouco e pouco chamando a atenção para a prática da modalidade. O Xadrez ainda era visto como desporto de elites culturais, havia que desmistificar essa visão, e nada melhor do que jogá-lo no bar da Cooperativa, onde o terreno era fértil e a proximidade das pessoas (principalmente da juventude) favorecia a divulgação e quebrava os mitos. Queriam aprender a jogar e a direcção da Cooperativa apoiava, já era uma etapa a meu favor.
A segunda etapa era dar forma a esse querer, passava por criar uma equipa e federá-la…
O dar forma passa por uma série, conhecimentos e burocracias, as quais como jogador federado sabia que tinha que enfrentar. Era o passar a técnico responsável de um Grupo de Xadrez e oficializá-lo perante Federação.
E de repente todas as necessidades do Grupo de Xadrez passam para mim: Tabuleiros de Xadrez oficiais, regulamentos de provas, cronómetros de jogo, material didáctico para formação de jogadores, etc…
A carolice junta com novas amizades que vamos cimentando ajuda-nos a passar a segunda etapa, e concluí-la.
A terceira etapa, perante todo o trabalho já efectuado é talvez a mais fácil, federar os jogadores, fazer o torneio interno e aceder ás provas da Associação Distrital de Xadrez.
A continuidade de todo este esforço passa pelo ensino/estudo de Xadrez como implícita motivação do mais saber para poder ganhar aos adversários.
Acompanhando todo o trabalho desta equipa, ganhámos campeonatos distritais e as ascendemos ao campeonato nacional de Xadrez, onde para uma jovem equipa, alcançámos bons resultados.
Poderia documentar o que escrevo com recortes de jornais, dos quais constam noticias sobre a actividade do Grupo de Xadrez da Sociedade Cooperativa Padaria do Povo, mas penso não ser necessário.
No convite me que foi dirigido para fundar a Secção de Xadrez da Associação Portugal – URSS, o qual aceitei, terei oportunidade de vos contar mais, desta minha passagem pelo mundo de Xadrezista
João Ramos Franco
Publicada por
João Ramos Franco
sexta-feira, 20 de março de 2009
PINTURAS DO DIA
Almada Negreiros
A Sesta
Pierrot escondido por entre o amarelo dos girassóis espreita em cautela o sono d' ela dormindo na sombra da tangerineira. E ela não dorme, espreita também de olhos descidos, mentindo o sono, as vestes brancas do Pierrot gatinhando silêncios por entre o amarelo dos girassóis. E porque Ele se vem chegando perto, Ela mente ainda mais o sono a mal-ressonar.
Junto d' Ela, não teve mão em si e foi descer-lhe um beijo mudo na negra meia aberta arejando o pé pequenino. Depois os joelhos redondos e lisos, e já se debruçava por sobre os joelhos, a beijar-lhe o ventre descomposto, quando Ela acordou cansada de tanto sono fingir.
E Ele ameaça fugida, e Ela furta-lhe a fuga nos braços nus estendidos.
E Ela, magoada dos remorsos de Pierrot, acaricia-lhe a fronte num grande perdão. E, feitas as pazes, ficou combinado que Ela dormisse outra vez.
Almada Negreiros, in 'Frisos - Revista Orpheu nº1'
Publicada por
João Ramos Franco
quinta-feira, 19 de março de 2009
ACIDENTE OCIDENTAL - Edição Contraponto
Acidente Ocidental esgotou a 1ª edição, esgotou a 2ª e esta é a 3ª.
Fernando Madureira deixa-nos ainda outros dois livros publicados são: Poemas em 3 Andamentos e A Execução do Tempo.
O Prefácio de Luiz Pacheco, neste livro, esclarece-nos sobre quem foi Fernando Madureira:
Tivesse Fernando Madureira frequentado a Faculdade de Letras de Lisboa, ouvido as aulas da lucilantes de logogorreia do defunto se bem me lembro prof. Nemésio, chamando-lhe de quarto em quarto de hora ou 4 minutos, conforme a servidão ou lábia próprias, Mestre, com EME mais babado que caca/caquinha de bebé; sido, enfim, colega de carteira e carreira de fulanos tão labiosos como a dupla Davi-Urbanos, estou certo e resseguro: era subsecretário de Estado ou mais……
….3 qualidades ou espécies/espécimens de Azar, e já chegam para escarmento:
1.º azar - …….
2.º AZAR – não sendo licenciado em nada, Fernando Madureira sabe de tudo. Não pode usar o Dr. antes do Fernando? não faz mal. A Academia do Café Montecarlo, ali ao Saldanha, em Lisboa, é das mais exigentes, elegeu-o seu honorário, com o epíteto cefálico de ARANHA PELUDA…..
……FM era um estupendo camarada, só que não entrava em demagogias de ternurinhas com o vulgo e não estava / andava cá para aturar chatos drs. È preciso que se note: o comportamento das pessoas é selectivo. São elas uma verdade para cada Outro. Quando uma data de imbecis se unem para acoimar um só, é que algo vai errado na opinião geral. Eu que o diga, cavalheiros estimáveis e virtuosas damas.
3.º AZAR, e findou – escusava FM de se ter suicidado entre o Natal de 1977 e o Ano Novo de 1978. Nessa quadra festiva, qualquer suicida paga uma multa, escolhesse a 4ª feira de Cinzas. Mas desse acto de coragem ou desespero – e como o saberemos? – não se perdeu tudo: ficam todos a saber, psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, neurologistas e demais peritos cangalheiros da mente humana, o que pensa e exprime um suicidado na sociedade – casos Van Gogh, Antonin Artaud - , momentos antes da premeditada despedida fatal: o presente desdobrável/folheto/ são as suas (dele, FM) mensagens e adeuses. Escritas ao correr das paredes – hábitos de Homem Aranha, peludo ou não – da casa onde, rodeado de botijas de butano, como Serpa Pinto fez em seu tempo com pólvora, era o que se fazia na época, as imolou (ou quase).
Aviso: devido à sua robustez física, FM ressuscitou ao 3º dia, risonho e comilão, tal como o fui ver a S. José, já com um prejuízo brutal à Previdência pós-25 de Abril – vingança de ex - Pum Pum que ele fora? Vai reaparecer com mais romances, poemas e o seu riso insólito, debaixo da boininha. Digo riso sardónico em geral. ……
Lagos, 19 de Março de 1979
Luiz Pacheco
Prefácio da 3ª edição de Acidente Ocidental – Edição Contraponto
Publicada por
João Ramos Franco
terça-feira, 17 de março de 2009
“ESTAR PRESENTE” e "1º ENCONTRO DE BLOGUISTAS DO ERO" Os Professores
Dr. André, Drª Cremilde, Drª Alda, D. Anita, Teresa, Zé Santa- Bárbara, Dr. Serafim, Dr. Lopes.
Os Professores aquela imagem que deixou em todos nós uma marca que continua a ser grata na nossa memória.
No nosso quotidiano quantas vezes, eles são ponto referência. A sua presença neste encontro é uma realidade que por momentos nos passa, para se ser Antigo Aluno é necessário a existência do Antigo Professor…
E aqui estão Eles presentes, aqueles que muitas vezes a irreverência da nossa juventude, deu trabalhos redobrados.
A consciência do dever cumprido e a amizade, é o retrato desta presença.
João Ramos Franco
Publicada por
João Ramos Franco
segunda-feira, 16 de março de 2009
“ESTAR PRESENTE” e "1º ENCONTRO DE BLOGUISTAS DO ERO"
Do convite Amigo do João Serra e do João Jales nasceu o meu prazer de participar como BLOGUISTA DO ERO.
O "1º ENCONTRO DE BLOGUISTAS DO ERO", veio complementar o meu diálogo, quase que diário, com alguém que nome não era um estranho, mas a face estava perdida no arquivo da minha memória.
Vivi e senti mais o tempo que estive junto a Vós, do que penso ter dado a aperceber.
Cingir as minhas as palavras no sentido dos valores amizade e camaradagem que gerações do ERO sempre se prezaram por dar continuidade, é voltar muito atrás no tempo…
- Estamos na época em que distância deixou ser uma desculpa para não conversar e a solidão é uma gestão nossa…
A alegria de estar e conviver foi enorme, (excede qualquer medida de grandeza), todos participaram nela e são memória viva do que há de mais belo no mundo.
O vazio que sentia, quando passeava pelas ruas, como se não estivesse na cidade onde nasci e passei a minha juventude, terminou…
Sexta-feira, quando vinha do cinema, atravessei a praça em direcção à pensão, e ela estava lá com o nevoeiro e frio que eu descrevi no conto “A Praça”…
Senti que estava em Caldas da Rainha.
João Ramos Franco
Publicada por
João Ramos Franco
quinta-feira, 12 de março de 2009
As Coisas Transitórias - Rabindranath Tagore
As Coisas Transitórias
Irmão,
nada é eterno, nada sobrevive.
Recorda isto, e alegra-te.
A nossa vida
não é só a carga dos anos.
A nossa vereda
não é só o caminho interminável.
Nenhum poeta tem o dever
de cantar a antiga canção.
A flor murcha e morre;
mas aquele que a leva
não deve chorá-la sempre...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Chegará um silêncio absoluto,
e, então, a música será perfeita.
A vida inclinar-se-á ao poente
para afogar-se em sombras doiradas.
O amor há-de ser chamado do seu jogo
para beber o sofrimento
e subir ao céu das lágrimas ...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Apanhemos, no ar, as nossas flores,
não no-las arrebate o vento que passa.
Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos
roubando beijos que murchariam
se os esquecêssemos.
É ânsia a nossa vida
e força o nosso desejo,
porque o tempo toca a finados.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Não podemos, num momento, abraçar as coisas,
parti-las e atirá-las ao chão.
Passam rápidas as horas,
com os sonhos debaixo do manto.
A vida, infindável para o trabalho
e para o fastio,
dá-nos apenas um dia para o amor.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Sabe-nos bem a beleza
porque a sua dança volúvel
é o ritmo das nossas vidas.
Gostamos da sabedoria
porque não temos sempre de a acabar.
No eterno tudo está feito e concluído,
mas as flores da ilusão terrena
são eternamente frescas,
por causa da morte.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões
Publicada por
João Ramos Franco
quarta-feira, 11 de março de 2009
Pablo Neruda - A Essência da Poesia
O primeiro poema de Pablo Neruda que li, era uma dedicatória, no livro Cartas Estalinegrado. Desde desse momento, em 1959, que este poeta passou a fazer parte do que é obrigatório ler…
A Essência da Poesia
Não aprendi nos livros qualquer receita para a composição de um poema; e não deixarei impresso, por meu turno, nem sequer um conselho, modo ou estilo para que os novos poetas recebam de mim alguma gota de suposta sabedoria. Se narrei neste discurso alguns sucessos do passado, se revivi um nunca esquecido relato nesta ocasião e neste lugar tão diferentes do sucedido, é porque durante a minha vida encontrei sempre em alguma parte a asseveração necessária, a fórmula que me aguardava, não para se endurecer nas minhas palavras, mas para me explicar a mim próprio.
Encontrei, naquela longa jornada, as doses necessárias para a formação do poema. Ali me foram dadas as contribuições da terra e da alma. E penso que a poesia é uma acção passageira ou solene em que entram em doses medidas a solidão e solidariedade, o sentimento e a acção, a intimidade da própria pessoa, a intimidade do homem e a revelação secreta da Natureza. E penso com não menor fé que tudo se apoia - o homem e a sua sombra, o homem e a sua atitude, o homem e a sua poesia - numa comunidade cada vez mais extensa, num exercício que integrará para sempre em nós a realidade e os sonhos, pois assim os une e confunde.
E digo igualmente que não sei, depois de tantos anos, se aquelas lições que recebi ao cruzar um rio vertiginoso, ao dançar em torno do crânio de uma vaca, ao banhar os pés na água purificadora das mais elevadas regiões, digo que não sei se aquilo saía de mim mesmo para se comunicar depois a muitos outros seres ou era a mensagem que os outros homens me enviavam como exigência ou embrazamento. Não sei se aquilo o vivi ou escrevi, não sei se foram verdade ou poesia, transição ou eternidade, os versos que experimentei naquele momento, as experiências que cantei mais tarde.
De tudo aquilo, amigos, surge um ensinamento que o poeta deve aprender dos outros homens. Não há solidão inexpugnável. Todos os caminhos conduzem ao mesmo ponto: à comunicação do que somos. E é necessário atravessar a solidão e aspereza, a incomunicação e o silêncio para chegar ao recinto mágico em que podemos dançar com hesitação ou cantar com melancolia, mas nessa dança ou nessa canção acham-se consumados os mais antigos ritos da consciência; da consciência de serem homens e de acreditarem num destino comum.
Pablo Neruda, in 'Nasci para Nascer' (Discurso na entrega do Prémio Nobel)
Publicada por
João Ramos Franco
terça-feira, 10 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
A busca da Verdade e do Conhecimento...
A busca da Verdade e do Conhecimento mantém-se, em mim, tão viva como em 1960, quando li este livro…
……Sabem que verdade é árdua, frágil, que, tal como o Deus de Chestov, nos arriscamos a perdê-la quando a julgamos possuir.
Sabem que não pode ser abordada sem se ser dominado, que ela não é de forma alguma o que contenta ou o que alivia, que nunca está onde se grita – como dizia Vinci – e quase nunca onde se fala…
- Amor de O que é, e apenas porque Isso é!
Amor, e não simples curiosidade, embora Simone Weil nos queira negar direito de amar a verdade científica com o pretexto de nela não nenhum bem para o coração do homem.
- Nenhum bem? Primeiro isso não é certo. O maior de todos, Einstein inclinava-se com uma religiosa veneração perante a harmonia altamente racional das leis da natureza. Outros, é certo, não caracterizar «O que é», parecendo-lhes que qualquer qualitativo é uma limitação e quase uma blasfémia. Porque eles pensam que «O que é» ultrapassa toda a linguagem humana e que há mais sentido, grandeza e poesia neste simples verbo que nos mais majestosos epítetos. No que, de resto, se encontram com um poeta, pois não foi a adorável Katherine Mansfield quem disse: «A verdade é a única coisa digna de ser possuída, pois é mais emocionante que o amor»? …..
Texto retirado de: Pode-se Modificar o Homem? – Jean Rostand – pág. 108 e 109 – Publicações Europa – América 1957
Publicada por
João Ramos Franco
domingo, 8 de março de 2009
Os Bailes e as músicas do meu tempo
Valsa Danúbio Azul - Baile na corte de Avilion
Valzer -danubio blù
Como não era “pé de chumbo”, dançar relativamente bem dava-me um certo à-vontade nos bailes.
A malta mais velha, Tony Vieira Pereira e outros dessa geração, colocavam-me muitas vezes desafios, tais como: na valsa ou no passo-doble, rodar seguidamente para o mesmo lado até a rapariga ficar com a cabeça tonta e cair.
Escusado será dizer que isto só resultava com as meninas incautas, veraneantes, que não sabiam da malandrice.
Aposta daqui, aposta dali, mais um wisky-saloio, esperava-se que o conjunto toca-se uma destas músicas e lá ia o João.
Começava a dançar rodopiando no salão sempre no mesmo sentido, aquilo até era agradável de ver, quando sentia que a rapariga estava no “ponto”, soltava-a como se fosse fazer um passo artístico e agarrar-lhe a mão novamente, só que o resultado era eu já não encontrar a mão, por ela ter caído no salão.
Parava a música para socorrer a menina…
Eu fazia uma cara de admirado com o que se estava a passar e pedia desculpa…
Depois dirigia-me ao bar e era recebido em apoteose, já com mais um copo ganho na aposta.
Éramos uns “malandros”, mas se alguma das nossas colegas, até por quererem mostrar que eram fortes, nos desafiava, tínhamos cuidado para que nada de isto acontecesse.
A verdade seja dita, havia colegas nossas que suportavam e não caíam, e quem tinha de começar a dar as voltas contrário éramos nós, porque já estávamos tontos…
João Ramos Franco
Publicada por
João Ramos Franco
sábado, 7 de março de 2009
O peixe e o homem - o que vou lendo
……O homem era conhecido pelo que fazia no parque: levava um peixe a passear pela trela. Caminhava na margem do lago, segurando a trela. No extremo da fita de couro estava amarrado, pela cauda, um gordo peixe. Jossinaldo era, nos gerais, tido por enjeitado: a cabeça do coitado, diziam, cabia toda dentro de um chapéu. E acresce-se que o temiam, sem outro fundamento que essa estranheza do seu fazer. …..
…… No bairro todos acreditavam compreender o comportamento do exótico morador: ….. Meu avô discordava. Aquilo, para ele, tinha outras, mais fundas explicações. Não ouvíramos falar do sermão de Santo António aos peixes? Recordávamos o que fizera Santo António que deixara o auditório das praças e se deslocara para o mar, lançando palavras sobres os seres de guelras e escama. Pois, Jesualdo descobrira que havia sido o inverso: um certo peixe havia pregado aos homens e lhes espalhara a moral sem lições. Os homens atribuíram aos peixes as indecorosas ganâncias que eram da exclusiva competência humana. Adjectivavam a peixaria: os mandantes do crime são chamados de «tubarões». Os poderosos da indecência são «peixe graúdo». Os pobres executantes são o «peixe miúdo». E afinal onde não há crime é lá dentro das águas, lá é propalada a transparência. ….
Texto retirado de: O Fio das Missangas de Mia Couto - O peixe e o homem, pág. 91 e 92 – Editorial Caminho, SA
Publicada por
João Ramos Franco
sexta-feira, 6 de março de 2009
quinta-feira, 5 de março de 2009
Antologia do Humor Português (1969)
O Luiz Pacheco diz que a ideia lhe foi roubada e o Vergílio Martinho concorda.
Na busca de editora o Luiz, não se salvaguarda, fala com o Fernando Ribeiro de Melo, que se aproveita da ideia, e a editou retirando o seu nome.
Tudo é feito de tal modo que nem o Vergílio Martinho sabia que tinha o nome na capa.
O Ricarte Dácio de Sousa que já habitava no mesmo andar da Rua Viriato, numa parte independente, tinha acesso à minha casa pela porta do corredor, entrava na tertúlia, sabia tudo o que estava na “forja”, mas não era um companheiro, bastava-me ver o comportamento dele, quando nós chegávamos da boémia e lhe dávamos continuação lá em casa.,, Eu suportava-o devido ao Pacheco…
Na altura desconhecia que o Dácio não era escritor, só mais tarde vim a saber que a vida dele ia de alfarrabista a intermediário entre escritores e editoras.
O agradecimento de colaboração ao Dácio, por parte dos autores só se for do Ernesto Sampaio, da editora não me admiro. O que Luiz Pacheco e Virgílio Martinho tinham seleccionado estava escrito e a realidade é que os originais, como me dizia o Paulocas, andam perdidos pelas Tascas…
João Ramos Franco
Colecção Antologia
Selecção e Notas: Vergílio Martinho e Ernesto Sampaio
Prefácio: Ernesto Sampaio
Capa e Paginação: Sena da Silva
Desenhos: Carlos Ferreiro, Eduardo Batarda, João Machado, José Rodrigues
Os autores e o editor agradecem a colaboração de: Arq. Leonor Oliveira, David Mourão Ferreira, Jorge Antunes, José Marques de Abreu, Luís Pestana, Ricarte Dácio de Sousa e Vítor Silva Tavares.
Livro vulgarmente conhecido como o tijolo (pela espessura das suas 1008 páginas e coloração laranja da capa), ou o livro da dentadura
A Antologia do Humor Português contém sessenta e dois autores. Inicia-se com Cantigas d´Escarnho e Mal Dizer e termina nos nossos dias. Inclui textos, entre outros, de Gil Vicente, Fernão Mendes Pinto, D. Francisco Manuel de Melo, Padre Manuel Bernardes, Autor Anónimo da Arte de Furtar, Cavaleiro de Oliveira, António José da Silva, Nicolau Tolentino de Almeida, José Agostinho de Macedo, Manuel Maria Barbosa du Bocage, Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Gomes Leal, Cesário Verde, Fialho de Almeida, Teixeira Gomes, António Feijó, Mário Sá Carneiro, Fernando Pessoa, Almada Negreiros, José Rodrigues Miguéis, Branquinho da Fonseca, Ruben A., Manuel de Lima, Natália Correia, Alexandre O´Neill, Mário Cesariny, António Maria Lisboa.
Texto na badana
A ideia que presidiu à organização da Antologia do Humor Português foi a de evitar tanto quanto possível o riso fácil, preferindo-se seleccionar autores e textos em que o humor tivesse função crítica e demonstrativa de duma literatura maior, indo-se assim ao encontro do possível autêntico «espírito» português. Na verdade, um humor que fosse forma de libertação e elevação, como diz Freud, e não de degradação. A tarefa não foi impossível. De Gil Vicente aos dias de hoje existe de facto na nossa literatura uma linha de força expressa pela sátira, pela crítica de costumes e pela farsa, que corresponde inteiramente ao critério adoptado. Critério que pode caber no que Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão escreveram no primeiro número de As Farpas: «Vamos rir. O riso é um castigo, uma filosofia». E nestas palavras a Antologia do Humor Português tem toda a sua justificação. Pois encerra a força de uma gente que sempre necessitou de criar uma linguagem adaptada às circunstâncias, de dissimular os seus processos de exteriorização, de reter os seus impulsos mais íntimos.
Numa palavra, de dosear cautelosamente o ranger dos seus dentes. E é aqui que se encontra o ponto crucial do humor nosso, o seu sinal mais importante e profundo. Forma de riso resultante que gravita longe do domínios do sonho, das esferas do irreal, antes se radica, e por vezes com que força e arte, no mundo palpável, vivente, processando-se através da gargalhada exuberante, do verbo caudaloso, do chiste sem piedade, do sarcasmo, da caricatura, do pormenor burlesco, da louvaminha tendenciosa, da violência, da crueldade, da felicidade, da ironia, do absurdo, da regra moral até, do grotesco, enfim, das muitas formas que podem compor o humor, de modo a repetir ou aceitar o que se odeia, o que se ama ou o que se despreza.
TEXTO RETIRADO SITE - AFRODITE
PÁGINA SOBRE AS EDIÇÕES AFRODITE / FERNANDO RIBEIRO DE MELLO
Publicada por
João Ramos Franco
quarta-feira, 4 de março de 2009
terça-feira, 3 de março de 2009
Baptista Bastos entrevista Luiz Pacheco (duas páginas do JL)
Ao trazer-vos mais este recorte de jornal o qual tem uma entrevista de Baptista Bastos a Luiz Pacheco, continuo a patilha do meu arquivo sobre escritor e amigo.
Deixo-vos entregues á leitura das palavras de Baptista Bastos no final da entrevista:
(Não se resume numa conversa em público a experiência condensada tantos e tantos anos de fome, de experiência, de esperança, deste homem que, talvez mais que qualquer outro que conheço, é um ponto de interrogação permanente. Deste homem que, por coragem e humildade, sempre se questionou para questionar o nosso miserável tempo português. Diz-me: (Olha, mais não: atingi o limite das minhas forças, que, já de si, são forças extremamente precárias.) Ouvi-lo falar sobre a pretensa beatitude de todos nós, da honra, da dignidade, da integridade. Lê-lo. Ler um escritor que sempre procurou a exposição pessoal para tentar dar uma solução, necessariamente individual, a todos os seus dilemas e perplexidades. Odiá-lo, fingir ignorá-lo, esquece-lo, fingir desconhecê-lo. Acaba-se sempre por atinar neste cartaz humano de subversão chamado Luiz Pacheco. Uma criatura imparável que sempre recusou beleguim de qualquer ditadura. Luiz Pacheco, por sinal meu amigo. Mas eu não acredito em Deus nem no Diabo)
Fotografias e texto do JL, pág. 10 e 11.
Publicada por
João Ramos Franco
segunda-feira, 2 de março de 2009
O Ser e a eterna busca…
Após umas horas passadas a recordar memórias da Rua Viriato com o João Serra, sinto necessidade de fundamentar, (perante mim) o modo como me exprimi na nossa conversa, reflectir e encontrar a razão do que disse e tentar decifrar as minhas palavras…
Como é natural, em mim, a busca de explicação vai para a envolvente Social e Filosófica.
Depois de ter relido, Estudos de Filosofia Antiga por F. M. Cornford, (Sócrates, Platão e Aristóteles), resolvi ir á minha estante, tirar o livro que mostro, e procurar nele um texto sobre Emoção e Sentimento em que António Damásio nos transporta até ao pensamento de Aristóteles e em que encontro um certo sentido nas palavras que disse:
…..Permitam-me que encerre este comentário sobre indutores de emoção com uma nota sobre um aspecto traiçoeiro do processo indutivo. Até agora referi-me a indutores directos: trovoadas, cobras, memórias felizes. Porem as emoções podem ser induzidas indirectamente e indutor pode produzir o seu resultado de uma forma de certo modo negativa, bloqueando o desenvolvimento de emoção em curso….
….. O indutor da zanga não é a expectativa da comida ou do sexo, mas sim o impedimento do comportamento que conduzia o animal para o consumar da boa expectativa. Um outro exemplo seria a suspensão súbita de uma situação de castigo – por exemplo de dor continuada – o que induziria bem-estar e até alegria, O efeito purificador, catártico, que, segundo Aristóteles, deveria fazer parte de todas as grandes tragédias baseia-se na suspensão súbita de um estado de medo e pena até aí mantidos sem quartel. Muito tempo depois de Aristóteles, Alfred Hitchcock construiu uma brilhante carreira baseada neste simples arranjo biológico e Hollywood nunca mais deixou de nele apostar….
…..No que diz respeito à emoção , não temos maneira de escapar à armadilha que a natureza nos preparou. Caímos nela à ida ou apanhamo-la à vinda. ….
Texto retirado de O Sentimento de Si – Emoção e Sentimento – de António Damásio, pág. 80 e 81.
Publicada por
João Ramos Franco
Subscrever:
Mensagens (Atom)