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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Falar Várias Línguas Apaga a Individualidade Nativa

















Eça de Queirós

Falar Várias Línguas Apaga a Individualidade Nativa

O esforço contínuo de um homem para se exprimir, com genuína e exacta propriedade de construção e de acento, em idiomas estranhos—isto é, o esforço para se confundir com gentes estranhas no que elas têm de essencialmente característico, o Verbo—apaga nele toda a individualidade nativa. Ao fim de anos esse habilidoso, que chegou a falar absolutamente bem outras línguas além da sua, perdeu toda a originalidade de espírito—porque as suas ideias, forçosamente, devem ter a natureza, incaracterística e neutra, que lhes permita serem indiferentemente adaptadas às línguas mais opostas em carácter e génio. Devem, de facto, ser como aqueles «corpos de pobre» de que tão tristemente fala o povo—«que cabem bem na roupa de toda a gente».

Eça de Queirós, in 'A Correspondência de Fradique Mendes'

Gilbert Becaud-Et maintenant(1962)

1 comentário:

J J disse...

Muito datado este texto de Eça, ao contrário de outros escritos seus... A capacidade de falarmos e compreendermos outras línguas e nelas exprimirmos o que sentimos e pensamos é hoje fundamental.