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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro
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quarta-feira, 22 de julho de 2009

A face da biblioteca Paterna…






















Manuel Silvestre Ramos Franco
Três anos estudante de Medicina Humana, um de Farmácia e formou-se em Medicina Veterinária. Estagiou no Instituto Pasteur Paris em Lisboa onde contribuiu para a fundação da Secção de Veterinária em Portugal. É convidado a ir para a sede em Paris de onde é nomeado para Espanha com instruções para abrir a Secção de Veterinária em Madrid, não o consegue devido à Guerra Civil. Apresenta Tese em Medecina Veterinaria Tropical.
Em 1939, a Câmara Municipal Caldas da Rainha, abre uma vaga para Médico Veterinário Municipal, que vem a ser ocupada por o meu Pai até 11 de Março de 1967, data em que faleceu.
Do Livro de Queima das Fitas, retiro o poema, com que os colegas o retratam:

A multidão ulula, agita-se fremente…
Já se quebrou um banco,
Desordem, confusão…mas milagrosamente,
Faz-se calma e silencio…ergueu-se o Ramos Franco!

Ergueu-se, ergueu-se, e na amplidão da sala,
Campeia a sua voz, e tudo mais se cala…

E dá conselhos bons, sensatos, paternais.
Como quem viveu setenta carnavais…

Quatro terços da sua actividade,
Da sua força viva…
Consagra-os com fervor e sem vaidade,
À vida associativa…

Suas acções são sempre reguladas
Por rectilíneas pautas,
Mas quero aqui deixar sobre-avisadas
As donzelas incautas,

Pois muito embora êle seja bom rapaz,
Lembrai-vos do rifão:
«Bem prega Frei Tomaz…»
…E fexai bem à chave o coração…

Uma das músicas que gostava…
John Williams - Rodrigo Concerto De Aranjuez

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O meu Pai e eu















Texto da minha entrevista dada ao João Serra, sobre a Historia do Almanaque Caldense, quando da sua publicação no Blog dos Antigos Alunos ERRO.


- Quem era, nessa altura, o João Ramos Franco? Que idade tinha? Qual a sua ocupação?

….o meu modo de pensar não teria sentido se eu não andar para trás no tempo e não contar o meu contacto com a realidade rural do Concelho das Caldas. Meu pai era médico veterinário municipal, com ele acompanhei desde muito novo e aprendi a ver o mundo rural do nosso concelho, com pobres, remediados e ricos, que o compunham e sua vida.
O meu professor neste contacto com esta realidade social foi ele, com o seu carácter humano e o seu saber. (aliviei, devo muito do que sou e como sou a ele).

- Quem subsidiou a edição?
-O Dr. Manuel Ramos Franco, meu pai, que depois ter sentido tanta inconstância da minha parte, ao mostrar-lhe o que já estava escrito do almanaque, me comprou uma máquina de escrever e foi fiador na tipografia do Rimaiorense. Esta parte tem dados pessoais que depois conversamos

- Houve reacções? Lembras-te de alguma em particular?
….A particular mais marcante é a reacção do comandante da Policia e representante da PIDE, que não gostou como no conto “A Praça” eu retratei a pobreza e o sofrimento do povo que naquela praça vendiam, a minha ida ao gabinete dele para corrigir o conto (o que me neguei a fazer) e os telefonemas para minha casa foram tantos que só terminei o assunto dizendo-lhe: O senhor não me volta a telefonar, se quiser falar comigo manda-me uma contra-fé ou prende-me.
Meu pai estava perto quando disse isto, vi-lhe um sorriso na face.

. Depois de vires da tropa (quando?) ainda regressaste às Caldas? Ou ficaste logo em Lisboa? E nunca mais te interessaste pela vida intelectual caldense?

Uma parte que dói da minha vida. Meu pai faleceu a 12 de Março de 1967 e eu regresso do ultramar a 7 de Maio do mesmo ano.
Meu irmão, já a trabalhar na TAP, aluga uma moradia na Encarnação (Lisboa) e traz a minha mãe com ele. Entrega a casa das Caldas, era o 1º andar do prédio onde viviam os pais do João Jales.
Ninguém sabia da data minha de chegada, só quando o Vera Cruz encostou é que telefonei à minha tia Sílvia (irmã de minha mãe) que vivia em Lisboa, disse que estava cá e pedi para me irem buscar ao Cais da Rocha do Conde Óbidos.
Foi nessa altura que sob que a minha morada tinha passado para Lisboa, o meu irmão foi me buscar e fiquei residir com ele e com a minha mãe.
A guerra é uma madrasta má, no momento eu estava sob o efeito dela e da falta do meu Pai, tudo agravava ainda mais a confusão que se passava no cérbero. Precisava de parar o pensamento e sentir debaixo dos meus pés a realidade da minha vida.