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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro
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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O tempo a que chamo, Adormeci…






















Preferia ter estado a dormir até Maio de 1967, data em regresso de Angola, mas realidade é outra. Se vos disser que durante todo o tempo de serviço militar estive alcoolizado, conto-vos a verdade.
Dói-me, que para voltar atrás no tempo e vos dar o retrato do meu eu actual, tenha que vos falar de certos segredos, transformados em emoções passadas, que pensava não ter de recordar…
Tudo seria muito melhor, se me vissem só como o estudante do ERO, que editou o Almanaque Caldense em 1963, onde me mostro com o conto A Praça, e o caminho percorrido na vida fosse aquele que nesse momento vos pensava dar…
- O horizonte de repente tornou-se curto…
O que estou agora a escrever, já deveria estar feito, mas em mim o libertar do peso real dos factos funcionava como travão, não que deixe de assumir responsabilidades e enfrentá-las, nada fiz em que a consciência me pese, mas a realidade é que participei no que nunca deveria ter participado.
Não vos vou contar histórias de guerra, mas poderão ver nas pequenas historias que vos vou dar, quanto um homem pode mudar por culpa da sociedade em que está inserido, nem tudo será sobre o que destruiu, também as hilariantes e belas contarei…
João Ramos Franco

Boris Vian - Le Deserteur

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Adormeci?!…






















Adormeci?!…

Em Janeiro de 1963 a vida folgada de estudante assistente do ERO e o horário das explicações, para terminar o 7º ano, davam-me a manhã livre.
Sentado na explanada da Zaira, numa daquelas manhãs em que o Sol neste mês nos dava essa permissão, tomava a bica e preparava-me para enfrentar mais um dia, em que o Latim e Alemão eram a única preocupação, como disciplinas que faltavam para terminar o liceal e fazer a admissão à Universidade.
O Rodolfo, senta-se à mesa e diz-me: já viste o edital na Câmara, da malta que é incorporada para tropa em Agosto?
- Não?!…
Respondi como quem estava descansado, devido a ter metido o requerimento para adiamento de incorporação e “às cunhas” que o acompanhavam.
- O teu nome está lá e entras comigo para o Curso de Sargentos em Tavira, diz o Rodolfo.
- Levantei-me da cadeira, sem nada dizer, abalado como se tivesse levado o coice de uma besta, e fui à Câmara confirmar a noticia…
- Voltei, sentei-me e pedi ao César que me trouxesse uma garrafa de Genebra.
- Uma garrafa de Genebra? Pergunta o César admirado…
- Sim, por favor não me perguntes mais nada, César. Disse eu.
Fiquei ali sentado a beber com se estivesse noutro mundo, as horas e pessoas passavam e eu abstracto a tudo…
João Ramos Franco

Tchaikovsky - 1812 overture (Part 2)