A minha foto
Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O meu Pai e eu















Texto da minha entrevista dada ao João Serra, sobre a Historia do Almanaque Caldense, quando da sua publicação no Blog dos Antigos Alunos ERRO.


- Quem era, nessa altura, o João Ramos Franco? Que idade tinha? Qual a sua ocupação?

….o meu modo de pensar não teria sentido se eu não andar para trás no tempo e não contar o meu contacto com a realidade rural do Concelho das Caldas. Meu pai era médico veterinário municipal, com ele acompanhei desde muito novo e aprendi a ver o mundo rural do nosso concelho, com pobres, remediados e ricos, que o compunham e sua vida.
O meu professor neste contacto com esta realidade social foi ele, com o seu carácter humano e o seu saber. (aliviei, devo muito do que sou e como sou a ele).

- Quem subsidiou a edição?
-O Dr. Manuel Ramos Franco, meu pai, que depois ter sentido tanta inconstância da minha parte, ao mostrar-lhe o que já estava escrito do almanaque, me comprou uma máquina de escrever e foi fiador na tipografia do Rimaiorense. Esta parte tem dados pessoais que depois conversamos

- Houve reacções? Lembras-te de alguma em particular?
….A particular mais marcante é a reacção do comandante da Policia e representante da PIDE, que não gostou como no conto “A Praça” eu retratei a pobreza e o sofrimento do povo que naquela praça vendiam, a minha ida ao gabinete dele para corrigir o conto (o que me neguei a fazer) e os telefonemas para minha casa foram tantos que só terminei o assunto dizendo-lhe: O senhor não me volta a telefonar, se quiser falar comigo manda-me uma contra-fé ou prende-me.
Meu pai estava perto quando disse isto, vi-lhe um sorriso na face.

. Depois de vires da tropa (quando?) ainda regressaste às Caldas? Ou ficaste logo em Lisboa? E nunca mais te interessaste pela vida intelectual caldense?

Uma parte que dói da minha vida. Meu pai faleceu a 12 de Março de 1967 e eu regresso do ultramar a 7 de Maio do mesmo ano.
Meu irmão, já a trabalhar na TAP, aluga uma moradia na Encarnação (Lisboa) e traz a minha mãe com ele. Entrega a casa das Caldas, era o 1º andar do prédio onde viviam os pais do João Jales.
Ninguém sabia da data minha de chegada, só quando o Vera Cruz encostou é que telefonei à minha tia Sílvia (irmã de minha mãe) que vivia em Lisboa, disse que estava cá e pedi para me irem buscar ao Cais da Rocha do Conde Óbidos.
Foi nessa altura que sob que a minha morada tinha passado para Lisboa, o meu irmão foi me buscar e fiquei residir com ele e com a minha mãe.
A guerra é uma madrasta má, no momento eu estava sob o efeito dela e da falta do meu Pai, tudo agravava ainda mais a confusão que se passava no cérbero. Precisava de parar o pensamento e sentir debaixo dos meus pés a realidade da minha vida.

3 comentários:

J J disse...

O texto do J B Serra está em

http://externatoramalhoortigao.blogspot.com/2008/10/em-1963-um-conto-de-joo-ramos-franco-no.html

e o conto "A PRAÇA" em:

http://externatoramalhoortigao.blogspot.com/2008/08/praa-por-joo-ramos-franco.html

J L Reboleira Alexandre disse...

Olha João afinal temos mais coisas em comum. É que se a comida era boa no Vera Cruz quando regressaste de Angola agradece ao meu pai. Se não era desculpa-lhe que a culpa não era dele. Foi muitos anos cozinheiro nesse navio e veio para o Canadá exercer a mesma profissão quando o barco encostou. Apesar de hoje estar com 88 anos (em Maio 89) ainda se lembra perfeitamente dessa época. Das melhores da vida dele.

Eu já fui e voltei num B707 para Luanda.

Abraço
Zé Luis

João Ramos Franco disse...

J L Reboleira Alexandre, no regresso a Portugal, em 1967) havia a bordo do Vera Cruz, três pessoas que eram de Alfeizerão, e que conheci, o Dispenseiro de Bordo, Um 3ºofifial Radiotelegrafista, e um Comissario.
O Comissario conheceu-me quando eu entrei no barco em Luanda e depois apresentou-me os outros.
Por azar não conheci o teu Pai, ou se conheci devia estar no estado de beba... e é claro passou-me
João Ramos Franco