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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

sábado, 17 de janeiro de 2009

Pincipio

Amizade

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade
que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido
todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os
meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer
o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão
incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não
declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de
como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu
equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto
pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida
ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que
são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os."

(Vinícius de Moraes)*

5 comentários:

João B. Serra disse...

Caro João,
Saúdo, em primeiro lugar, esta tua entrada na blogosfera. Estávamos todos - os que te estimam e apreciam a tua participação assídua neste mundo de partilha de ideias e preocupações - à espera que o fizesses. Agora, com um espaço próprio, podemos tentar devolver-te a presença amiga com que nos tens honrado.
Depois, quero desejar-te a melhor inspiração nesta nova janela que abriste sobre a tua memória e os teus projectos.
Abraça-te com amizade o
João Serra

João Ramos Franco disse...

Caro João Serra
Ainda tenho o Blog em teste
Um obrigado sincero, pela força com que sempre me tens dado.
Um abraço amigo do
João Ramos Franco

Anónimo disse...

Que bela maneira de iniciar um blog! É como encontrar os amigos à porta de casa, abraçá-los e convidá~los a entrar! O João Ramos Franco prometeu e cumpriu: aqui está o espaço para connosco partilhar as suas memórias, análises, preocupações... que é do que se faz a vida! Muitas Felicidades!
- Isabel X -

Anónimo disse...

Meu caro João Ramos Franco.

Vim aqui parar por sugestão do João Serra.
Já nos cruzámos no blogue dele e leio, por lá, os seus comentários.

Com já referi naquele espaço, registo sempre a sua elevação democrática e a forma conhecedora como aborda a maioria das matérias.

Já li o primeiro post e percebi o significado muito fraterno da sua primeira escolha.

Quando li o nome do blogue achei piada a um aspecto; "Estar Presente".

Quando em 25 de Abril de 2004, na comemoração dos 30 anos dessa data histórica, abri o correntes, escrevi assim o primeiro post:

"Estar presente é sempre uma outra forma de não estar ausente. O eu no espaço público. Estar presente é ligar-se à rede, de um modo consciente ou nem tanto assim. Importâncias. Estar presente é contrariar exclusões colectivas que, associadas às eternas crenças que sempre espreitam, abraçam fundamentalismos diversos - os de lá e os de cá. Estar presente é roçar no optimismo que nos consome".

Aquele abraço do Paulo Prudêncio.

J J disse...

Olá
Bem-vindo a este espaço de memórias e especulação sobre o futuro, de amores e ódios, de recordações e esquecimentos, de amenas cavaqueiras e acesas discussões. É este o mundo dos blogues.
Eu prometo aparecer regularmente.
Um abraço.
JJ