sexta-feira, 14 de agosto de 2009
A NOITE (1961)- Michelangelo Antonioni
Direção: Michelangelo Antonioni
Música Original: Giorgio Gaslini
Elenco
Marcello Mastroianni
Jeanne Moreau
Monica Vitti
Bernhard Wicki
Vincenzo Corbella
Gitt Magrini
Rosy Mazzacurati
Maria Pia Luzi
Guido A. Marsan
Ugo Fortunati
Giorgio Negro
Roberta Speroni
Em Milão, Giovanni Pontano é um famoso escritor. Casado com a jovem Lidia, filha de uma família abastada, vai com a mulher a um hospital visitar um grande amigo comum, Tommaso Garani, que se acha em estado terminal e se mantém sob o efeito de morfina.
Lidia, mais ligada a Tommaso que o marido, não suportando ver o amigo naquela situação, depois de alguns minutos dá uma desculpa e vai esperar por Giovanni na entrada do hospital.
Após a visita, o casal comparece ao lançamento do último livro do escritor. Lidia sai antes e vagueia pelas ruas da cidade, entediada.
Ao chegar em casa, Giovanni não a encontra. Horas mais tarde, ela lhe telefona pedindo-lhe que vá apanhá-la em Sesto San Giovanni, onde o aguarda. Ele vai ao seu encontro, onde relembra alguns bons momentos vividos pelo casal.
De volta à casa, ela toma banho e, em seguida, diz ao marido que não quer ficar ali. Ele sugere que os dois dêem um pulo na mansão dos Gherardini, onde vai se realizar uma grande festa. Ela se apronta mas, na hora de sair, muda de idéia e diz que prefere ficar com ele. Os dois, finalmente, terminam indo a uma boate.
Para surpresa dele, ao terminar o show da noite, ela lhe pede para irem à festa dos Gherardini. Lá, encontram a alta sociedade milanesa. Os anfitriões festejam a primeira vitória do cavalo de sua filha, Valentina, uma bela e educada jovem.
Na festa ao ar livre, todos se divertem. Logo ao chegar, Lidia encontra-se com Beatrice, uma amiga de infância, com quem conversa um pouco. Depois, afasta-se de todos e passa quase toda a noite isolada, pensativa, observando os outros de longe.
A uma certa altura, procura um telefone para ter notícias do amigo Tommaso, oportunidade em que toma conhecimento que ele acaba de morrer. Ainda chocada com o ocorrido, vê seu marido beijando Valentina. Esta reage dizendo a Giovanni que não é uma destruidora de lares, mas ele continua a insistir.
O Sr. Gherardini, um rico industrial, procura Giovanni, a quem oferece um alto cargo em suas empresas, mas este não pretende aceitá-lo em princípio.
Ainda isolada, Lidia aceita dançar com Roberto, um rico playboy. No meio da dança, começa a chover forte. Alguns procuram abrigo, outros pulam na piscina, enquanto Lidia termina aceitando o convite de Roberto para saírem em seu carro desportivo. Quando o playboy tenta uma maior aproximação, ela lhe pede desculpas e lhe diz que precisa voltar.
Ao retornarem à mansão, Lidia, ainda molhada da chuva, é convidada por Valentina para se enxugar em seu quarto. Enquanto Valentina passa o secador nos cabelos de Lidia, esta confessa que gostaria de morrer naquela noite, mas que o motivo não era ciúmes do marido. Giovanni chega a tempo de ouvir suas últimas palavras. O casal despede-se de Valentina. Ele, acariciando seu rosto com uma de suas mãos; ela, dando-lhe um carinhoso beijo de agradecimento e despedida. Valentina sente-se um trapo.
Ao deixarem a mansão, já à luz do dia, os dois caminham por uma extensa área relvada. Giovanni fala da oferta de emprego recebida do Sr. Gherardini, enquanto Lidia lhe comunica o falecimento de Tommaso.
Sentados num local isolado, ela lhe confessa que gostaria de ser velha para ter dedicado a ele toda sua vida. Continua dizendo que, ao verificar quanto ele se entediava quando se achavam juntos na boate, sentiu que não podia continuar a amá-lo, razão pela qual, seu maior desejo era o de morrer naquela noite.
Ele afirma que continua a jogar fora sua vida como um idiota, tirando dos outros sem dar, ou sem dar o bastante. Dizendo-lhe que a ama muito, ele a beija ardentemente. Ela tenta resistir, alegando que não mais o ama, mas ele persiste num interminável beijo.
CAA
Não é possivel hoje dizer nada sobre Antonioni (o cineasta em si), a Arte é uma Arma de Luta e o respeito obriga-nos a guardar silêncio. Antonioni definia-se a si próprio como um intelectual marxista, mas se formos ver a imagem que lhe querem legar como tradição, veremos apenas a chamada "trilogia do tédio" existencial (ideia que Marx ancorou ao "trabalho alienado") - a Aventura, a Noite, o Eclipse - as fúteis listas de prémios que coroaram formas artísticas reconhecidas pela novidade, pelo escândalo, pela elegância e pela economia de meios "transformadas em objecto chique no escavar do vazio de uma burguesia ociosa" (Ruy Gardnier).
A partir desta fase fazem parte da história da identificação de classe, o Antonioni fundamental: "O Deserto Vermelho" complementada por outra tetralogia essencial que, mostrando a crise da família burguesa do pós guerra na Itália assimilada à força pela invasão do americanismo, pelo boom económico e pela modernização, desconstruiu a imagem e levou à perda de ilusões do cinema neo-realista italiano dos anos 60.Em pouco mais de cem anos um longo caminho foi feito no encadeamento das imagens até ao clássico icone pop-Art de Antonioni: "Blow-Up" onde o fotógrafo de moda Thomas capta instantâneos onde pensa ver nas imagens ocultas a olho nu as evidências de um crime cometido num parque londrino. Ficção ou realidade? Para chegarmos a Antonioni, a grande questão é saber se a nossa vida não é, ela própria, uma ilusão, que nos é efabulada pela lógica das indústrias culturais hodiernas
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La Notte Trailer, 1961
La Notte
La notte (Michelangelo Antonioni, 1961). Scena finale.
Publicada por
João Ramos Franco
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