terça-feira, 11 de agosto de 2009
Passarinhos e Passarões - Pier Paolo Pasolini
(a escolha deste filme de Pasolini foi para não ter de utilizar a bolinha vermelha…)
INTÉRPRETES
Totò, Ninetto Davoli, Femi Benussi, Umberto Bevilacqua, Renato Capogna, Alfredo Leggi, Renato Montalbano, Flaminia Siciliano, Giovanni Tarallo, Vittorio Vittori.
O filme data de 1966 e trata-se de um conto filosófico onde Totó, o grande cómico popular napolitano, tem uma das suas maiores criações. Enquanto se deslocam pela estrada fora e através do tempo, com uma incursão aos tempos de S. Francisco de Assis para converter todos os pássaros do mundo ao Cristianismo, Totò e o seu filho (Ninetto Davoli) encontram um corvo falante (e intelectual de esquerda) que os acompanha na digressão e vai comentando as peripécias que se sucedem de uma forma que o torna insuportável, pelo que os nossos heróis serão forçados a tomar uma medida drástica.
Há nesta história um paralelismo entre o tempo em que se passa o filme e o de S. Francisco de Assis. Enquanto que, neste último, cada pássaro convertido é devorado por um falcão, no tempo presente Totó e Davoli têm sobre si a ameaça de serem despejados pelo seu senhorio. Uma comédia deliciosa com um dos maiores cómicos que Itália conheceu até hoje.
Pier Paolo Pasolini nasceu a 5 de Março de 1922 em Bolonha, Itália. Apesar das constantes mudanças a que foi obrigado devido à carreira militar do pai, frequentou o liceu e a faculdade na cidade onde nasceu, tendo como mestres Contini e Longhi e como amigos Leonetti e Roversi, até à sua licenciatura, em 1945, sobre a linguagem de Pascoli.
Depois do 8 de Setembro de 1943, refugia-se em Casarsa, na região do Friuli, cidade de origem da mãe para fugir à chamada do exército. Compõe os primeiros poemas em dialecto friulano, que mais tarde seriam publicados juntamente com outros textos friulanos em “La Meglio Gioventù”. Em 1947, inscreveu-se no Partido Comunista. Trabalhou como professor, numa aldeia perto de Casarsa, mas seria despedido e expulso do PCI por um obscuro episódio de alegada corrupção de menores. Esse foi o primeiro de uma enorme lista de processos (mais de 30) que deram a Pasolini a consciência da sua diversidade e marcaram o seu destino de marginalizado e rebelde.
Devido ao escândalo, em 1949, teve de deixar Casarsa, com a mãe (a relação com o pai já estava estragada), e mudou-se para Roma, vivendo primeiro na periferia e ganhando a vida com explicações e ensino em escolas particulares.
O contacto com o mundo do sub-proletariado romano inspirou-lhe - para além de poemas em As Cinzas de Gramsci (1957) e A Religião do Meu Tempo (1961) ( escritos depois de O Rouxinol da Igreja Católica (1943 - 1949, ou seja, antes de As Cinzas de Gramsci) - sobretudo os romances Vadios (1955) e Uma Vida Violenta (1959), que provocaram grande escândalo, mas lhe asseguraram o primeiro êxito literário. Com os antigos colegas da faculdade Francesco Leonetti e Roberto Roversi dirigiu, entre 1955 e 1959, a revista Officina, onde colaboraram, entre outros nomes importantes da militância crítica, Franco Fortini e Paolo Volponi.
Começou entretanto a sua actividade no mundo cinematográfico: colaborou em alguns guiões (entre as quais As Noites de Cabiria de Federico Fellini e La Notte Brava ou O Belo António de Bolognini), e a partir de 1961, realizou vários filmes entre os quais Accattone (1961), Mamma Roma (1962), La Ricotta (1962), Comizi d'Amore (1964), O Evangelho Segundo Mateus (1964),Passarinhos e Passarões (1966), Édipo Rei (1967), Teorema (1968), Medeia (1969), Pocilga (1969) Decameron (1971), Os Contos de Cantuária (1972) As 1001 Noites (1974) e Salò ou os 120 Dias de Sodoma (1975).
Mas nem por isso a sua actividade como escritor diminuiu. Para o teatro escreveu seis tragédias, entre 1966 e 1974.
Pasolini morreu no dia 2 de Novembro de 1975 num descampado em Ostia, nos arredores de Roma, em consequência de agressões seguidas de atropelamento.
Pasolini - L'incontro con Totò (1966)
pier paolo pasolini - uccellacci e uccellini (4/12)
pier paolo pasolini - uccellacci e uccellini (9/12)
pier paolo pasolini - uccellacci e uccellini (10/12)
Publicada por
João Ramos Franco
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