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Caldas da Rainha - Passado Presente e Futuro

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

- A Realização Humana está Fora da Sabedoria…





















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Ramalho Ortigão
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- A Realização Humana está Fora da Sabedoria…

…“O homem mais perfeitamente educado por um mestre foi Stuart Mill. Aos vinte anos de idade ele tinha aprendido com James Mill, seu pai, tudo quanto a ciência pode ensinar a um sábio e a um filósofo. E todavia Stuart Mill conta-nos na sua autobiografia que, ao perguntar um dia a si mesmo se seria feliz, uma vez realizadas nas instituições e nas ideias todas as reformas que ele projectava criar, a sua consciência lhe respondera: não. «Senti-me então desfalecer, - diz ele; todas as fundações sobre que se tinha arquitectado a minha vida se desmoronaram de repente.» Mais tarde ele sentiu a dor, sentiu depois o amor, o amor apaixonado, absorvente, enorme, dominando todo o seu ser, submetendo a força dissolvente da análise; e foi só então que ele se sentiu homem, revivendo para a natureza, forte da grande força que a natureza lhe comunicava, equilibrado para sempre no seu destino, cingido ao coração palpitante de uma mulher que ele amou - ele o sábio, o filósofo, o reformador frio e implacável - com o amor ilimitado, entusiástico, cavalheiresco, que as velhas lendas líricas atribuem aos grandes amantes célebres.”

Ramalho Ortigão in 'As Farpas (1883)'

Le temps de vivre - Georges Moustaki

1 comentário:

Isabel X disse...

Dá que pensar este post: muito verdadeiro!

A propósito, lembrei-me da passagem de um livro que tenho vindo a ler e que me impressionou:

"ia garantir que uma locomotiva e falso, que um estore que descia e um rosto atrás do estore para sempre perdido, talvez aquele que desejei a vida inteira sem jamais nos cruzarmos, que desde o início me pertence e a quem pertenço desconhecendo que lhe pertencia, pelo que morrerei soluçando de amor sem nunca nos havermos tocado, se contasse isto à dona Laura a dona Laura comovida a esquecer as consoantes
- Que lindo"
(A. Lobo Antunes, Ontem não te vi em Babilónia, Dom Quixote, p. 273)

Quantos casos haverá assim?...

- Isabel X -