terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
"Eu e Luiz Pacheco e em 1968 o Grupo da Rua Viriato 1”
Herberto Helder
Os escritores de que vos vou apresentando, fazem parte do Grupo do Café Monte Carlo, com os quais eu convivi, mas só alguns optaram por se reunir em minha casa na Rua Viriato. São esses que vos dar a conhecer, uma de cada vez e algo que o retrate e só depois passarei ao Grupo da Rua Viriato.
- A sua presença devido à editora (Estampa) onde desempenha o cargo de co-gerente e director literário, era quase que indispensável.
- A minha opinião pessoal, é a de alguém mais introvertido, a sua presença e opinião eram marcadas por o seu ser de poeta e uma realidade muito vivida, o que lhe dava o estatuto de moderador nas nossas conversas… Tentava sempre encontrar um ponto de situação e chamar-nos à realidade do que em comum se pretendia atingir…
………”Quando em 1955 regressa a Lisboa, frequenta o grupo do Café Gelo, de que fazem parte nomes como Mário Cesariny, Luiz Pacheco, António José Forte, João Vieira e Hélder Macedo. Durante esse período trabalha como propagandista de produtos farmacêuticos e redactor de publicidade, vivendo com rendimentos baixos. Três anos mais tarde, em 1958, publica o seu primeiro livro, O Amor em Visita. Durante os anos que se seguiram vive em França, Holanda e Bélgica, países nos quais exerce profissões pobres e marginais, tais como: operário no arrefecimento de lingotes de ferro numa forja, criado numa cervejaria, cortador de legumes numa casa de sopas, empacotador de aparas de papéis e policopista. Em Antuérpia, viveu na clandestinidade e foi guia dos marinheiros no sub mundo da prostituição.
Repatriado em 1960, torna-se encarregado das bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, percorrendo as vilas e aldeias do Baixo Alentejo, Beira Alta e Ribatejo. Nos dois anos seguintes publica os livros A Colher na Boca, Poemacto e Lugar. Em 1963 começa a trabalhar para a Emissora Nacional com redactor de noticiário internacional, período durante o qual vive em Lisboa. Ainda nesse mesmo ano publica Os Passos em Volta e produz A máquina de emaranhar paisagens. Em 1964 trabalha nos serviços mecanográficos de uma fábrica de louça, datando desse ano a sua participação na organização da revista Poesia Experimental. Nesse ano reedita ainda Os Passos em Volta, escreve «Comunicação Académica» e publica Electronicolírica. Em 1966 participa na co-organização do segundo número da revista Poesia Experimental e no ano seguinte publica Húmus, Retrato em Movimento e Ofício Cantante. Data de 1968 a sua participação na publicação de um livro sobre o Marquês de Sade, o que o leva a ser envolvido num processo judicial no qual foi condenado. Porém, devido às repercussões deste episódio consegue obter suspensão de pena, facto este que não conseguiu evitar que fosse despedido da Rádio e da Televisão portuguesas. Refugia-se na publicidade e, posteriormente, numa editora onde desempenha o cargo de co-gerente e director literário. Ainda nesse ano publica os livros Apresentação do Rosto, que foi suspenso pela censura, O Bebedor Nocturno e ainda Kodak e Cinco Canções Lacunares”………
Texto da Biografia editada pele www.citi.pt
Texto publicado por: João Ramos Franco
Publicada por
João Ramos Franco
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Este blog do João Ramos Franco está a ficar um tesouro... Realmente muito interessantes as suas memórias e os textos que a elas junta. Agradeço-lhe.
- Isabel X -
Enviar um comentário