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domingo, 1 de fevereiro de 2009

"Eu e Luiz Pacheco e em 1968 o Grupo da Rua Viriato”









Virgílio Martinho


Os escritores de que vos vou apresentando, fazem parte do Grupo do Café Monte Carlo, com os quais eu convivi, mas só alguns optaram por se reunir em minha casa na Rua Viriato. São esses que vos dar a conhecer, uma cada vez e algo que o retrate e só depois passarei ao Grupo da Rua Viriato.
- Virgílio Martinho, aquele me dizia baixo ao ouvido: João, não te esqueças do que aprendeste na guerra pode fazer falta à revolução…
Eu respondia: Está descançado, quando chegar a hora lá estarei..

"NA sua descida aos corredores da memória que povoaram a infância, pelos lugares perdidos e nunca esquecidos de Setúbal, Grândola, Barreiro ou Lisboa, Virgílio Martinho redescobre nas quatro histórias deste Relógio de Cuco, agora reeditado como prova de amizade e admiração literária de Luiz Pacheco, a memória das sombras e vozes que encheram esse imaginário ou paraíso perdido, numa linguagem feita de sinceridade e pouca ficção, embora pela escrita desenvolta e sincopada, povoada de imagens e sinais que chegam dos confins do tempo, reinvente o sentido de uma infância que teve os seus matizes de pobreza ou de alegria. Mas o que mais sobressalta nestas histórias que entre si nitidamente se encadeiam é, sobretudo, esse desejo de exorcizar pela memória e olhos já bem adultos os medos e conflitos que ficaram longe, nas brincadeiras despreocupadas ou na descoberta do sexo, e assim deram corpo a uma forma pessoal de estar na vida e na literatura.
Desde Orlando em Tríptico de Aventuras (1960), passando por O Grande Cidadão (1964), para desembocar neste Relógio de Cuco (1973), Virgílio Martinho sempre pautou a sua atitude de escritor em termos de uma absoluta verdade literária, que consolidou de livro a livro, obedecendo sempre a coordenadas pessoais que o fizeram aproximar-se de uma clara forma de participação política e denúncia social, ainda relacionada de perto com uma certa intervenção surrealista, evidenciada logo no livro de estreia que foi a narrativa Festa Pública (1958), mas definindo-se Virgílio Martinho como uma das vozes literárias que, longe dos círculos em que se costumam forjar as cotações, não podem ser assim tão declaradamente silenciadas."
Artigo de A Página da Educação Arquivo – Artigo Virgílio Martinho ou O Sentido do Paraíso Perdido
Texto transcrito por. João Ramos Franco

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