domingo, 5 de abril de 2009
Fernandel
FERNANDEL " LE TANGO CORSE "
No campo cómico - popular, a herança neo-realista é visível, por exemplo, na série de Giovanni Guareschi dedicada ao personagem D Camilo. Os filmes sobre D Camilo (Fernandel) e o comunista Peppone (Gino Cervi), rodados por diretores como Julien Duvivier (O pequeno mundo de don Camillo, 1951, e O regresso de don Camillo, 1953) e Carmine Gallone (Don Camillo e o deputado Peppone, 1955, e As últimas aventuras de don Camillo, 1961), foram sucessos de bilheteria. O legado do neo-realismo, porém, não se limitou ao gênero cômico-sentimental, influenciando grandes nomes do cinema italiano que despontaram nos anos 1950 e 1960, como Michelangelo Antonioni e Fellini.
Segundo Ferraz da Silva, de onde retiro o depoimento que transcrevo, tem-se uma visão da influência que os filmes de Don Camilo tiveram na Aldeia onde as cenas se passaram…
DON CAMILO E O SEU PEQUENO MUNDO
"A deliciosa comédia Don Camilo e o Seu Pequeno Mundo .
As histórias de Don Camilo, soberbamente interpretadas pelo cómico francês Fernandel e pelo actor italiano Gino Cervi começaram a ser rodadas em 1951 sob a direcção do francês Julien Duvivier e com argumento dum escritor desconhecido , um italiano de nome Giovannino Guareshi , natural do município de Busseto, na província de Parma , em Itália. Brescello , a paróquia cenário onde se rodaram os filmes , é hoje uma pequena cidade de cinco mil habitantes que vive da agricultura e beneficia dum considerável fluxo turístico derivado dos filmes que lhe propagaram o nome.
Junto á igreja , a figura do pároco , trabalhada em bronze , saúda a do autarca na diagonal oposta, nos paços do concelho , uma saudação mais sugerida que aberta , entre dois adversários teimosos mas leais. Coisas de então !!!! No museu , que ocupa todo o primeiro andar duma modesta construção, um rol de adereços , filmes, cartazes, máquinas de filmar e projectar , revistas, comentários e notícias de jornais, entre muitas outras, fazem a delicia dos amantes da sétima arte. Do lado de fora , uma locomotiva , um tanque de guerra e utensílios agrícolas , utilizados nas rodagens, além da própria povoação, palco de toda a trama dos vários filmes rodados. No interior da igreja , culto obrigatório para qualquer visitante , a imagem do Cristo que amiúde falava com Don Camilo , o aconselhava e repreendia nos momentos de desespero ou casmurrice exagerada em imagens profundamente gravadas pelo cinema na memória numa geração inteira. Fitas que hoje são autênticas peças de museu para rever em casa e rir, rir de satisfação num tempo em que o cinema se transformou em agente da agressividade , da violência, do ódio e da guerra e quando as imagens televisivas transmitem as próprias lutas em directo. Tempo em que os homens mudaram e o mundo mudou com eles. Relíquias como O Regresso de Don Camilo , Don Camilo e o Nobre Peppone, Don Camilo Monsenhor ou o Camarada Don Camilo, entre outros , são testemunhos claros duma época de boas intenções herdadas do digerir da bomba atómica e do inicio da guerra fria ,onde o humanismo e uma ingenuidade infantil e angelical estão presentes. A cidade de Brescello fez um museu a tudo isto e vende hoje o seu produto aos milhares de turistas que a visitam. Pouco mais tem para mostrar mas este pouco que tem, foi construído com o trabalho , a teimosia e a perseverança dos seus habitantes mais a ajuda incontornável dos seus eleitos locais. Um pequeno mundo feito á medida da obra cinematográfica que lhe está subjacente num grande mundo feito de coisas pequenas , que vale pelo seu conjunto e pelas diferenças de cada construção. Entre as coisas pequenas de cada um , nós próprios faremos sempre o esforço necessário para as fazer diferentes ? É que o mundo não se faz ao tamanho do cenário , faz-se sim muito mais, ao tamanho das obras. Tudo afinal como no Don Camilo e o Seu Pequeno Mundo."
D. Camilo
No meio de trabalhadores agrícolas em greve, o padre D. Camillo obriga o prefeito comunista Pepone, para ajudar a tratar as vacas leiteiras
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1 comentário:
Nunca tinha reparado, até ler este blogue, que na apreciação do humor do cinema há grandes diferenças (geracionais? de ambiente familiar e social?) entre pessoas que estão próximas noutros temas. Toto,Fernandel,Cantinflas,Louis de Funés, são cómicos que não me despertam qualquer entusiasmo. Os herdeiros de Buster Keaton, Charles Chaplin e Stan Laurel nesta época são, para mim, Groucho Marx e Jerry Lewis.
Isto não é uma polémica com o meu amigo João, mas a constatação de uma diferença que não consigo explicar só pelo facto de termos idades diferentes. É mais um incentivo para que continues a tua galeria, é sempre ao ouvir os que têm gostos e pensamentos diferentes que somos mais estimulados.
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