sábado, 12 de setembro de 2009
Ser…
Parque D Carlos I
Ser…
Entre o muito que li, tento encontrar o meu modo de ser por aí…
Exercício Kafkiano, encontro um bocadinho espalhado por tudo o que li, mas não o que procuro…
Olhando-me ao espelho vejo apenas que os anos passaram e nada mais.
Sim, existe no todo de que me apercebo, um sonho que foi interrompido e que quero agora agarrar depois de acordar…
Será que tudo se passa assim?... As recordações do passado dizem-me que é este o caminho a percorrer, mas alertam-me para o presente, porque dele depende o futuro…
Queira ou não sou personagem de um romance, não escrito, que conta o meu passar pela vida…
JRF
Ser
Cansada expectativa tão ansiosa
que ser só eu na minha vida espalha!
Na longa noite em que se tece a malha
do que não serei nunca, fervorosa
minha presença rútila e curiosa
arde sombria como um arder de palha,
curiosa apenas de saber se goza
o voar das cinzas quando o vento calha
lá onde o levantá-las é verdade.
Inutilmente se mistura tudo,
que a mesma ansiedade, já esquecida,
de novo recomeça. Mas quem há-de
contrariá-la? Eu não, que não me iludo:
Viver é isto, quando se é só vida.
Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'
Charles Aznavour-Il faut savoir
Publicada por
João Ramos Franco
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2 comentários:
Só quero realçar, mais uma vez, a belíssima escolha deste poema de Jorge de Sena.
Quanto às interrogações de JRF, só o próprio pode achar-lhes resposta.
A música também me parece muito bem, mas disso percebo menos.
- Isabel X -
"Queira ou não sou personagem de um romance, não escrito, que conta o meu passar pela vida…"
É escrevê-lo, João, é escrevê-lo!
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