sexta-feira, 29 de maio de 2009
Casino de Caldas da Rainha “Variedades” - Francisco José
Continuado o percurso de tentar recordar os artistas que passaram pelo Casino na época de 1957 a 1962.
Falar-vos da noite em que Francisco José actuou, no Casino, é colocar-vos perante uma imagem que só se comparar com as actuais manifestações de fãs perante os ídolos actuais. Pela primeira vez eu vi naquele salão o público feminino manifestar-se com tanta efusão.
Cito um pouco sua biografia: (texto retificado, devido à omissão de factos relevantes)
Em 1948, compareceu no Centro de Preparação de Artistas da Rádio, acompanhado por uma carta de apresentação do professor Mota Pereira, tendo cantado, no teste, as canções "Marco do Correio" e "Marina Morena.
No início dos anos 50, Francisco José era já um cantor famoso pela sua arte, pela sua voz extraordinária e pelo seu modo apaixonado de cantar a música portuguesa.
O Chico Zé, como era conhecido, era um cantor arrojado que, com a sua interpretação moderna e actualizada que fugia à pieguice tradicional, trouxe à música portuguesa uma agradável lufada de ar fresco.
A partida para a internacionalização aconteceu em 1951, ano em que se deslocou a Madrid para gravar "Olhos Castanhos/Se", um 78 rpm que lhe valeu 500 escudos por cada face registada, tendo regressado à cidade, no ano seguinte, desta feita para gravar três discos, "Sou Doido Por Ti", "Deixa Falar O Mundo" e "Ana Paula".
Com uma carreira maioritariamente construída no Brasil, o cantor Francisco José deparou-se com alguns contratempos quando, em 1964, se deslocou a território português e, num programa gravado em directo, acusou a RTP de pagar miseravelmente os artistas nacionais, ao contrário do que se passava lá fora.
O caso não ficou por aí, já que Fancisco José resolveu pedir uma quantia de cinco mil escudos pela actuação que iria realizar para a RTP, mesmo estando habituado a receber cinquenta contos por programa no Brasil. A resposta foi negativa, uma vez que o limite máximo pago aos artistas portugueses era de dois mil escudos, no entanto, no seu caso, resolveram abrir uma excepção e fizeram a contraproposta de três mil escudos, caso o cantor não divulgasse a situação. Francisco José aceitou, mas no fim da actuação revelou o escândalo em directo, e a transmissão foi imediatamente cortada. Levado para a sede da PIDE, o cantor foi interrogado, e obrigado a responder em tribunal por "injúria e difamação", depois de lhe ter sido movido um processo. pela R.T.P..
No julgamento, depois de um longo interrogatório, o juiz acabou por lhe perguntar:
- Mas o senhor, quando disse essas palavras em directo na televisão, agiu com «animus injuriandi»?
Ao que Francisco José respondeu:
- Ó Sr. Dr. Juiz: eu agi foi com «animus desabafandi»!
Foi absolvido!
Fonte: Cotonete
Ps.: Eu vi a emição da RTP em que este caso se passou.
Olhos Castanhos - Francisco José
Francisco José - Canta Guitarra Toca Baixinho
Publicada por
João Ramos Franco
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2 comentários:
Há uma imprecisão no texto. Francisco José radica-se no Brasil em 1960, onde Olhos Castanhos vende um milhão de discos, transformando-se no mais célebre cantor estrangeiro naquele país. Nada tem este facto a ver com a entrevista em directo na RTP em 1964, onde ele fala à vontade porque a sua vida artística já estava sediada no Brasil. Só actuaria novamente na RTP em 1980, depois de regressar a Portugal, onde faleceu em 1988.
Curiosamente o seu maior êxito comercial no nosso país é Guitarra Toca Baixinho e não Olhos Castanhos.
Caro Sumarino Amarelo
Peço desculpa pela omisão e erro que cometi na biografia.
Neste momento já a retifiquei.
Obrigado pela chamada de atenção.
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