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domingo, 26 de julho de 2009

Eu e Luiz Pacheco e o João Franco cineasta






















Quando o Luiz Pacheco nos fala da existência de dois João Franco, está retratar “Alguns Marginais e outros Mais” e tinha que obviamente separar os dois nomes porque qualquer deles poderia ter ido buscar os personagens do filme “O Recado”, ambos convivíamos com eles.
O Luiz sabe-o, o João Franco cineasta é meu primo e frequentava a casa da Rua Viriato quando ele, quanto aos personagens do Filme, o Bringela, habitava lá e era como funcionário da minha confiança para tomar conta da casa, o Álvaro e o Xico Btretz, apareciam muitas vezes para comer e beber uns copos.
Na medida em que dois João Franco são amigos e companheiros, e os personagens de “O Recado” acompanham na vida ambos, o Luiz tinha desatar um nó, o nome e fê-lo utilizando os cognomes.
Tudo poderia ficar por aqui se o Luiz Pacheco, no texto que eu passo transcrever, não falasse da existência dos dois João:
…A ideia que o João Franco cineasta, de cognome “o Bom”, para nada de confusões com o homónimo “o Facas”, de ir buscar, em vez de canastrões profissionais, figuras com cara de gente: o Álvaro, Xico Brets, o Bringela. Não fosse o realizador de “O Recado” o nabo que é e o filme já tinha outra aura. Lá fora e Cá Dentro….
Luiz Pacheco - Textos de Guerrilha - pág. 33

Todos os companheiros da Rua Viriato sabiam qual tinha sido a minha especialidade na guerra do ultramar, (explosivos, minas, armadilhas e sabotagem) e em cima da papeleira dormia a faca de mato (como fantasma desse passado). O facto do meu cognome de o Facas é real e foi devido a um bufo (do qual fui avisado pelo capitão, comandante da esquadra do Matadouro, que era meu amigo. Proibi-o entrar lá em casa, até porque devido a ele já lá tinha estado o piquete da PSP e tínhamos sido todos identificados e não foi pior porque o subchefe me reconheceu como amigo do comandante.
Uma noite, misturado entre malta conhecida do Café Montecarlo, ele surge à porta da sala e eu atirei a faca de mato, espetando-a na madeira da porta perto da orelha do bufo… Penso que todos ficam esclarecidos sobre o meu cognome de João Franco (o Facas), é verdade que naquele tempo (1968) ninguém punha em duvida que se um Bufo, tentasse entrar no nosso meio, e fosse detectado, eu o atacava…

Entre as muitas histórias que se passam durante a rodagem do Filme há uma de que nunca me esqueço, o Luiz Pacheco também estava incluído nos personagens, só que de repente desapareceu, tiveram de ir buscar o actor José Viana para o substituir.
João Ramos Franco

Mes emmerdes - Charles Aznavour

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